Com a reeleição do presidente da Câmara, Fuad Noman (PSD), no domingo, as atenções voltam-se agora para a Câmara Municipal, que promete ser uma das mais competitivas dos últimos anos. Nos bastidores, as articulações para a nova Diretoria já aquecem os ânimos.
Durante o discurso de vitória, o chefe do Executivo municipal foi acompanhado por vereadores do seu grupo, que o cercaram quase como uma guarda pessoal em plena celebração. Em contrapartida, o deputado estadual Bruno Engler (PL), ao reconhecer a derrota, destacou que terá uma bancada robusta para acompanhar cada movimentação da nova gestão. Nos corredores, a disputa pela Diretoria já dominava as conversas.
Para 2025, cinco grupos principais deverão dividir forças na Câmara. Assim como na atual legislatura, a rivalidade será intensa entre os blocos ligados ao secretário da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), e ao vereador Gabriel Azevedo (MDB).
Fuad Noman articula uma base governativa com aliados da esquerda progressista, também fragmentada. O PL, com seis vereadores eleitos, está dividido em duas alas: quatro permanecem no grupo bolsonarista, enquanto dois deverão migrar para o grupo de apoio a Marcelo Aro, incluindo Cláudio Mundo Novo, que já faz parte dessa ala.
No caso da Câmara, os grupos políticos são diferentes das articulações para a Mesa Diretora. Podem ocorrer articulações, mas as asas permanecem independentes.
Família Aro
A chamada família Aro mantém a maior bancada da Câmara, com dez cadeiras. Além do vereador do PL, fazem parte do grupo os reeleitos Juliano Lopes (Podemos), José Ferreira (Podemos), Professora Marli (PP), Flávia Borja (DC), e os recém-eleitos Lucas Ganem (Podemos), Tileléo ( PP) e Farmácia Bebê (Mobiliza). Marilda Portela (PL), reeleita, ex-membro do Cidadania e ex-alinhada a Fuad Noman, também deverá integrar o grupo, assim como Juninho Los Hermanos (Avante), nas negociações para ingressar na bancada.
O grupo de Gabriel Azevedo deverá ter entre quatro e sete cadeiras, incluindo Cleiton Xavier (MDB), Loíde Gonçalves (MDB), Irlan Melo (Republicanos) e Osvaldo Lopes (Republicanos). Embora Gabriel tenha apoio dentro dos Republicanos, o vereador Bispo Arruda, também eleito pelo partido, adota postura independente, alinhada à Igreja Universal.
Gabriel deixa a presidência da Câmara em 2025 após perder as eleições majoritárias. Ele agora mira na bancada do Novo, formada por Bráulio Lara, Marcela Trópia e Fernanda Pereira Altoé, vistos como aliados próximos. Gabriel chegou a doar R$ 10 mil para a campanha de Marcela Trópia, mas apesar dos esforços, é provável que o grupo mantenha a fidelidade a Marcelo Aro. A vereadora negou à reportagem rumores de que ela poderia ser indicada para a diretoria pelo grupo de Gabriel.
Esquerda
Enquanto isso, a esquerda progressista ampliou sua representação de cinco para oito cadeiras, com os reeleitos Bruno Pedralva (PT), Pedro Patrus (PT), Cida Falabella (Psol) e Iza Lourença (Psol), juntando-se às estreantes Luiza Dulci (PT), Juhlia Santos (Psol), Pedro Rousseff (PT) e Edmar Branco (PCdoB). No entanto, o PT enfrenta desafios internos, com Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, a manter-se independente, depois de participar ativamente na campanha de Fuad Noman.
“Minha única exigência é que o PL não faça parte da mesa. Fora isso, todos podem participar”, disse Dilma Rousseff ao Estado de Minas. Ele reforçou que deve se manter distante dos bolsonaristas na Câmara. Para a eleição da diretoria, o grupo progressista deverá apoiar o prefeito. Cida Falabella (Psol) inclusive é cogitada para uma secretaria voltada à cultura na futura gestão do Fuad.
Base
O prefeito reeleito já conta com nove vereadores em sua base, entre eles Wagner Ferreira (PV), Bruno Miranda (PDT), Wanderley Porto (PRD), Helinho (PSD), Helton Jr. Maninho Félix (PSD), Rudson Paixão (Solidariedade), Dra. Michelle (PRD), Sanches (Solidariedade) e Leonardo Angelo (Cidadania).
Em depoimento à reportagem, Helton Jr. afirmou que o grupo se unirá em torno de um nome para a presidência da Câmara: “Queremos um presidente que entenda a pluralidade da Câmara, sem atuar como extensão do Executivo, mas que facilita o trabalho do prefeito e escuta todas as vozes”, destacou.
Certo
A bancada do PL, fortemente influenciada pelos deputados federais Nikolas Ferreira e Bruno Engler, é a que mais cresceu, chegando a seis cadeiras para 2025. Além de reeleger Cláudio do Mundo Novo e Marilda Portela, ambos alinhados a Aro, o partido elegeram Pablo Almeida, Vile dos Santos, Uner Augusto e Sargento Jalyson, ligados a uma linha ideológica mais bolsonarista. Em entrevista, Vile declarou: “Vejo uma Câmara conservadora. A direita venceu no Brasil. Teremos oposição feroz ao prefeito Fuad.”
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Pablo Almeida, o vereador mais votado da história de Belo Horizonte, disse: “(O grupo estará) “conversando com todos os vereadores e lideranças municipais, em busca de um projeto que nos permita avançar nas agendas para as quais fomos eleitos. Somos um grupo independente, liderado pelo deputado Nikolas e tomaremos a melhor decisão com base no que os nossos eleitores esperam.”
Marcelo Aro reuniu seu grupo na noite desta segunda-feira (28/10) para discutir a eleição do Conselho de Administração. O nome indicado por Aro é Juliano Lopes, reforçando a aliança do grupo para a próxima legislatura.
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