A força das redes sociais está, ano após ano, em mudar as estratégias de campanha nas eleições. Enquanto a distribuição de folhetos perde força nas ruas, o investimento em publicidade digital se torna o principal atrativo para a maioria dos candidatos. Este ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) elaborou regras específicas para a publicidade virtual, com o objetivo de garantir que o processo eleitoral seja pautado pela igualdade. A entidade destaca que é permitido impulsionar postagens em plataformas, desde que a ação seja feita no perfil do próprio candidato, do partido ou mesmo de coligações. Fora isso, é proibida a circulação de qualquer publicidade paga nas redes. “A resolução proíbe a contratação de pessoas físicas ou jurídicas que façam publicações de cunho político-eleitoral em seus sites ou redes sociais”, enfatiza a deliberação.
Contudo, existe um mercado paralelo de divulgação de candidatos a vereadores e prefeituras, que tenta contornar as regras de publicidade eleitoral. VEJA teve acesso a mensagens de um grupo de Whatsapp (inicialmente, compartilhando festas e eventos no Rio) com mais de 600 associados nos quais são anunciadas possíveis “oportunidades de emprego”. Funciona assim: quem tiver interesse em “freelancer” deve entrar em contato no chat privado, e depois será adicionado a outro grupo de “Empregos”. E aí recebem propostas que pagam em média R$ 200 para seguir uma agenda de engajamento de um candidato carioca. “Não há nenhum critério. Só pedem para divulgar virtualmente pelo Instagram e Whatsapp”, diz EL, jovem que recebeu dinheiro para compartilhar no Facebook. histórias vídeos do candidato a vereador Bernardo Egas (PP), marcando sempre também o perfil do Marcelo Queirozdo mesmo partido, que está concorrendo a prefeito.
Mas a propaganda irregular não se limita a apenas uma organização política. Nos grupos também houve recrutamento para divulgação da campanha Rosa Fernandes (PSD) e Pedro Paixão (PRD). Para engajar, os “contratados” devem curtir, comentar e compartilhar as postagens dos candidatos. Tudo para aumentar o alcance dos perfis dos candidatos ao Legislativo do Rio. Em todos os casos, o foco é atrair um público jovem e universitário, que tenha forte presença nas redes e potencial de influência. “O candidato que fizer propaganda irregular deverá receber multa, mas também pode estar cometendo abuso de poder econômico ou de mídia. Isso poderá acarretar impugnação da candidatura ou cassação do mandato”, observa Bruno Andrade, vice-coordenador geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
Procurados por VEJA, os candidatos citados se posicionaram sobre as denúncias. A vereadora e candidata à reeleição Rosa Fernandes afirmou que seus perfis nas redes cresceram organicamente. “Mais um dos inúmeros casos de fake news que surgem em períodos eleitorais, provavelmente de adversários políticos. Meus eleitores são meus vizinhos, pessoas que se engajam na campanha por afeto e não por interesse”, afirmou em comunicado. Os conselheiros de campanha de Bernardo Egas garantem desconhecer os factos e sublinham que só recebem ajuda de voluntários nas redes. A equipe de Marcelo Queiroz reitera que não há irregularidades na gestão de seus perfis e informa que não tem gestão sobre as contas dos candidatos a vereador do seu partido. “Todas as despesas relacionadas com a sua campanha fazem parte da prestação de contas”, sublinha a nota. A reportagem também entrou em contato com Pedro Passione, mas não obteve resposta até o momento da publicação.
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