11/11/2024 – 19:33
Os participantes de audiência pública na Câmara foram unânimes em defender mudanças no projeto que institui o Sistema Nacional de Educação (PLP 235/19). O assessor de relações institucionais do Sindicato dos Mantenedores do Ensino Superior (Semesp) João Paulo Bachur afirmou que o texto se limita a estabelecer regras de cooperação entre estados, municípios e a União na aplicação de recursos federais na educação básica pública.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Bachur: importante discutir como os recursos serão aplicados
Segundo o especialista, que disse ter participado da formulação inicial do texto quando trabalhava no Ministério da Educação, o sistema foi pensado para resolver o problema da articulação federativa. Ele afirmou que as transferências do MEC, por serem obrigatórias e baseadas no número de matrículas, não incentivam melhorias no sistema educacional e não são pactuadas entre o Executivo federal, governadores e prefeitos.
“O SNE foi pensado para que o apoio federal à educação básica não fosse decidido de cima para baixo, mas que tivéssemos instâncias de acordo federativo entre estados e municípios, e entre estados, municípios e União, para discutir o que estava acontecendo. faz com o dinheiro que a União coloca na educação básica”, explicou.
Segundo os debatedores, porém, o texto em análise, que partiu do Senado, incluía o sistema privado de ensino, tanto no nível básico quanto no superior. O representante da Associação Brasileira de Instituições de Ensino Evangélicas (Abiee), Alysson Massote sustentou que o setor privado já possui uma regulação eficiente, que inclui também conselhos municipais e estaduais de educação.
João Paulo Bachur também defendeu que o Sistema Nacional de Ensino fique restrito ao ensino público. Isso porque, segundo ele, no que diz respeito ao sistema privado e ao ensino superior, o texto inova pouco e pode trazer mais problemas do que soluções.
Uso de recursos
Bachur destacou que a União destina entre R$ 30 e 40 bilhões diretamente para complementar o financiamento da educação básica, que é de responsabilidade dos estados e municípios. Além disso, lembrou que o Governo Federal investe mais de R$ 120 bilhões no pagamento dos salários dos profissionais da Educação, recursos administrados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O mais importante agora, na opinião do especialista, é discutir a melhor forma de aplicação desses recursos.
“Por exemplo: transporte e alimentação na região Norte, claramente o financiamento per capita da União não cobre isso. Precisamos equilibrar e ajustar para que possamos fornecer um apoio um pouco mais eficaz. Precisamos ter o envolvimento de estados e municípios no planejamento e no combate, por exemplo, à evasão escolar”, afirmou.
Decisão do Congresso
O secretário do Ministério da Educação (MEC) Mauricio Holanda Maia esclareceu, primeiramente, que o projeto do Sistema Nacional de Educação não partiu do governo. Por isso, ele enfatizou que cabe apenas ao Congresso decidir como será o sistema.
Ainda assim, Mauricio Maia defende que a proposta deve incluir o setor privado, principalmente as instituições de ensino superior. Para ele, essa regulação por lei é importante, inclusive para dar mais segurança ao sistema privado, que, caso contrário, fica à mercê de cada governo.
Quanto ao nível básico do sistema privado, o representante do MEC concorda que “quase tudo já está feito e mexer nisso vai criar problemas que não existem”. Maurício Maia destacou que o país possui um conselho nacional, e que a lei já determina que a regulamentação do ensino médio é de responsabilidade dos estados, assim como cuidar da educação infantil é tarefa dos municípios.
O debate sobre as implicações do Sistema Nacional de Educação para o setor privado de ensino foi feito pela subcomissão criada para tratar do tema, a pedido da relatora, deputada Adriana Ventura (Novo-SP). O subcomitê está em funcionamento desde agosto deste ano.
Relatório – Maria Neves
Edição – Ana Chalub
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