Especialistas defendem política de remuneração dos conciliadores e mediadores judiciais – Notícias

Especialistas defendem política de remuneração dos conciliadores e mediadores judiciais – Notícias


28/06/2024 – 19:02

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Glauber: “É fundamental que os tribunais de Justiça assumam essa despesa”

Participantes de audiência pública realizada pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados afirmaram que o trabalho realizado pelos conciliadores e mediadores de justiça precisa ser remunerado.

O trabalho dos conciliadores é remunerado em alguns estados e não possui regras claras. Projeto aprovado na Câmara e que tramita no Senado (PL 233/23) acrescenta dispositivo ao Código de Processo Civil (Lei 13.105/15) para que a justiça gratuita não inclua o trabalho do conciliador ou mediador em audiências que excedam o percentual de audiências não remuneradas previsto em lei. O pagamento ficaria a cargo da União ou do Estado, conforme o caso, conforme tabela fixada pelo juízo.

A mediação e a conciliação são métodos alternativos de resolução de conflitos. O objetivo é atender qualquer cidadão na tentativa de solucionar um problema, sem a necessidade de decisão judicial.

A juíza federal Rosimayre Gonçalves lembra que o Conselho Nacional de Justiça estabeleceu em 2010, como política da instituição, a criação de centros de conciliação no sistema de Justiça e previu a necessidade de auxiliares com dois anos de graduação e curso no Tribunal de Justiça . Justiça para fazer este trabalho. Cinco anos depois, o Código de Processo Civil reforçou a ideia de conciliação na Justiça. Coube aos tribunais regular as remunerações, o que até agora não aconteceu.

“A conciliação dá voz ao cidadão, traz o cidadão para dentro do processo. Você dá um ganho significativo de cidadania. E custos reduzidos para todo o sistema. Então você reduz custos, ganha cidadania, resolve rápido, que é o que a sociedade quer, e você não paga essas pessoas. Há uma contradição aí”, disse Rosimayre Gonçalves.

O juiz federal coordena o centro de conciliação do Judiciário do Distrito Federal e diz que, nos últimos seis anos, foram realizados seis cursos de formação de mediadores com carga horária de pelo menos 40 horas. Há exigência de 80 horas gratuitas de trabalho e estágio.

Foram treinados 176 conciliadores no período. Apesar da necessidade de 80 conciliadores para o funcionamento do centro de conciliação, apenas 18 funcionam, por falta de incentivo.

Desafio
A presidente da Associação de Mediadores de Arbitragem do DF, Francilma Alves Mendonça de Oliveira, afirmou que o Tribunal de Justiça do DF está formando uma comissão para avaliar o assunto e lembrou que, em alguns estados, os conciliadores são remunerados.

Para a presidente do Sindicato dos Mediadores e Conciliadores Judiciais e Extrajudiciais de São Paulo, Márcia Cristina da Silva, o grande desafio é criar uma política pública que atenda a todo o país. “O DF, por exemplo, não paga nada. No estado de São Paulo, quando as partes não são beneficiárias da justiça gratuita, elas pagam pelo processo e pagam o mediador. Quando a parte passa pela justiça gratuita, o mediador não recebe nada. E há distritos que consideram a justiça gratuita para todos e não pagam nada. O Ceará, por exemplo, paga um valor em torno de R$ 50, R$ 60 e muitas vezes fica condicionado ao sucesso”, explicou.

O presidente do sindicato disse que processos que poderiam levar anos são resolvidos rapidamente graças ao trabalho dos mediadores de conflitos. Existe uma resolução do CNJ (Resolução 271/18) que criou uma mesa nacional de mediação.

A juíza auxiliar da Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), Trícia Navarro, disse que levantamento realizado em 2020 mostrou que, dos 32 tribunais estaduais e federais, apenas 14 regulamentaram a remuneração dos mediadores. O desânimo faz com que existam 10 mil mediadores cadastrados em São Paulo, mas apenas 2 mil atuam.

Conta
O presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Glauber Braga (Psol-RJ), defendeu a análise do projeto sobre a remuneração dos conciliadores judiciais quando a proposta retornar à Câmara.

“A demanda apresentada é para a avaliação de um projeto de lei que trate especificamente da remuneração naqueles casos específicos em que haja justiça gratuita. E, nesses casos, é fundamental que os tribunais de Justiça assumam essa despesa”, disse Glauber Braga.

Na audiência pública, o juiz federal Daniel Marchionati informou que o Conselho da Justiça Federal analisará um projeto que trata do custo da nacionalização da remuneração dos mediadores. O debate na Câmara foi solicitado pela deputada Rosângela Reis (PL-MG).

Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Ana Chalub



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