10/09/2024 – 19:44
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Audiência da Comissão teve como referência a Jornada dos Avós e Idosos
Valorizar e cuidar dos avós e idosos foi o tema da audiência promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos dos Idosos da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9). A defesa dos participantes foi que os idosos – que já são 32 milhões no Brasil – precisam de muito mais do que medicamentos para envelhecer bem e com saúde. Acima de tudo, precisam interagir e criar vínculos.
“Precisamos de um ambiente favorável, de um ambiente social favorável, de cidades favoráveis e isso é uma construção coletiva”, afirmou a coordenadora de Atenção à Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, Ligia Gualberto. “Se a pessoa que ajuda a colocar as coisas na sacola do mercado que o idoso frequenta tiver um olhar atento e respeitoso, ele poderá entrar e sair com segurança e tranquilidade. O olhar atento de todos é fundamental.”
Um dos parlamentares que solicitou o debate, o deputado Alexandre Lindenmeyer (PT-RS) destacou a importância dos idosos na sociedade, comparando-os a árvores frutíferas que crescem e se fortalecem com o passar dos anos. “Nossos avós e idosos são fonte de sabedoria, amor e experiências que enriquecem a vida de todos que nos rodeiam”, disse ele.
Bom envelhecimento
De forma geral, os aspectos destacados como fundamentais para um envelhecimento saudável foram os seguintes:
– saúde física: é fundamental que os idosos tenham acesso a serviços de saúde de qualidade;
– saúde mental: a solidão e a depressão são problemas comuns entre os idosos. Lindenmeyer destacou a importância das políticas de prevenção para cuidar da saúde mental;
– atividade física: praticar exercícios adaptados e seguros traz vitalidade e felicidade ao dia a dia dos idosos;
– qualidade de vida: o idoso não deve apenas sonhar, mas realizar. A inclusão social e o acesso a atividades que promovam a alegria e a realização pessoal são essenciais;
– segurança financeira: o aumento do número de golpes e jogos de azar que vitimam principalmente os idosos no Brasil exige medidas protetivas. Políticas de reforma mais robustas também são desejáveis;
– interacção intergeracional: deve ser incentivada a interacção entre gerações, reforçando os laços familiares e sociais.
Segundo Ligia Gualberto, a abordagem da saúde na Política Nacional de Saúde do Idoso é ampla e envolve os conceitos de autonomia e independência, que também é obtida por meio da integração do idoso ao ambiente social e familiar e do cuidado ao longo da vida. Daí a importância dos investimentos em saneamento básico, saúde, educação, esporte e lazer.
A jornada dos avós
A audiência teve como referência a quarta edição do Dia dos Avós e dos Idosos, instituído pelo Papa Francisco, celebrado este ano no dia 28 de julho. O lema para 2024 foi “Na velhice não me abandone”.
A observação da secretária executiva da Pastoral do Idoso, Irmã Terezinha Tortelli, foi que as sociedades mais desenvolvidas gastam muito com os idosos, mas não ajudam a desenvolvê-los.
“O mundo, com seu ritmo acelerado, nos leva a internalizar a ideia de descarte. Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção. A velhice é uma época para continuar dando frutos”, disse a freira.
O Secretário Nacional dos Direitos do Idoso, Alexandre da Silva, também destacou a importância dos avós na sociedade. “São números para sabermos de onde viemos, onde estamos e para onde vamos”, observou. E muitos tornam-se avós antes dos 35 anos, tal como outros tornam-se avós depois dos 80 anos.
Vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia em Gerontologia, Fábio Ferreira acrescentou que a ligação entre avós e netos deve ser incentivada. A presença dos netos, disse ele, pode ser uma fonte de luz na vida dos idosos. “Um simples telefonema, um convite para tomar um sorvete pode transformar o dia de um idoso.”
Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Ana Chalub
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