20/06/2024 – 19:04
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Júlio Lopes (C) quer apresentar projeto de lei sobre o tema
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresentou, na Câmara dos Deputados, 17 diretrizes já aprovadas para ações de segurança e resiliência em caso de desastres naturais.
Em audiência na Comissão de Meio Ambiente nesta quinta-feira (20), o presidente da ABNT, Mário William, destacou a norma que trata da implantação de centros de operações nas cidades, uma espécie de “sala de crise” ou “sala de situação” municipal. Os objetivos incluem reduzir a complexidade na gestão de desastres e garantir a eficiência na tomada de decisões públicas. William citou o exemplo do centro de operações que já funciona na cidade do Rio de Janeiro e trabalhou na prevenção.
“Em uma das previsões de tempestade foi declarado um ponto facultativo. E o mar invadiu mesmo as ruas, houve enchentes. Isso ajudou a evitar situações graves, porque as pessoas ficaram em casa, assim como acontece nos Estados Unidos quando há nevasca. Então essa é a função dessa norma: orientar antecipadamente a população para tomar os cuidados de proteção necessários”, afirmou.
Organizador do debate, o deputado Julio Lopes (PP-RJ) pretende tornar a regra obrigatória em todo o país. “Vamos fazer aqui uma recomendação de projeto de lei que cria a obrigatoriedade de instalação de Centro de Operação e Controle em todas as cidades brasileiras.”
A ABNT também destacou normas técnicas que já abordam diretrizes para gestão de incidentes, continuidade de negócios e retomada de atividades pós-desastre e certificação de “cidades sustentáveis”. Atualmente, apenas São José dos Campos e Jundiaí, no interior de São Paulo, possuem essa certificação no Brasil.
O diretor de políticas públicas de mitigação do Ministério do Meio Ambiente, Aloísio de Melo, avalia que as normas também contribuem para o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que o governo está atualizando. “Uma agenda ABNT estruturada para atender essas demandas de orientação técnica será fundamental nesta nova realidade”, declarou.
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Mário William: a função das regras é orientar antecipadamente a população a tomar os devidos cuidados de proteção
Sucateamento
Procuradora da República no Rio Grande do Sul, Flávia Nóbrega lembrou que o Brasil tem quase 2 mil cidades sob risco de desastres naturais e criticou o desmantelamento das defesas civis municipais. Ela também reclamou de novas ameaças, como o Projeto de Lei 364/19, que permite atividades agrícolas em campos de altitude, com risco de aumentar a deterioração do Pampa gaúcho.
“Olha a ironia: temos o estado do Rio Grande do Sul como o mais afetado [pelas mudanças climáticas] este ano, e temos o bioma Pampa como tendo proporcionalmente a maior área nativa suprimida e convertida em lavouras, principalmente soja, nos últimos tempos. Então, o papel da padronização é fundamental para que atuemos de forma padronizada e adequada na resposta que a solução espera”, afirmou.
A secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Marjorie Kauffmann, disse que o estado trabalha com gestão integrada de riscos. Chamou também a atenção para a necessidade de adaptação imediata às alterações climáticas e de planos de contingência centrados na população em zonas de risco.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Georgia Moraes
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