Engler admite indicações políticas, mas desde que sejam ‘técnicas’

O deputado estadual Bruno Engler, candidato do PL no segundo turno da disputa para prefeito de Belo Horizonte (PBH), negou que ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu algum tipo de remuneração ou indicação de uma possível secretaria para apoiá-lo. Faltando menos de duas semanas para a votação final, o bolsonarista concedeu uma série de entrevistas a veículos locais e nacionais nesta quinta-feira (17/10).

Ao ouvir o programa CNN 360ºEngler afirmou que não teria problemas em aceitar indicações dos grupos políticos que o apoiam, desde que os nomes sejam “técnicos” e tenham “ficha limpa”. “O presidente Bolsonaro nunca me pediu nada na prefeitura para me apoiar, ele me apoia por alinhamento ideológico. Mas sigo o exemplo dele, que criou o ministério mais técnico da história do Brasil”, disse.

Ao citar os ex-ministros de Bolsonaro, Engler elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que durante a gestão do ex-presidente ocupou a pasta de infraestrutura. A candidata também citou a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e lembrou que ela chefiou o Ministério da Agricultura por recomendação do grupo ruralista.

“Faremos indicações técnicas. Não temos problemas em trabalhar com estes grupos políticos que caminham conosco, desde que tenham um currículo técnico e moral ilibado para trabalhar na Prefeitura de Belo Horizonte”, declarou.

Engler recebeu 435.853 votos em uma disputa com dez candidatos no primeiro turno. O resultado deu ao candidato o primeiro lugar na votação, colocando-o à frente do atual prefeito Fuad Noman (PSD) por quase 100 mil eleitores. Apesar da vantagem, o bolsonarista negocia o apoio de outros candidatos de direita.

O partido Novo, do governador Romeu Zema, que formou a chapa do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), terceiro colocado com 192.991 votos, é uma das alianças que devem ser fechadas. Engler teve uma reunião com Zema na quarta-feira e, segundo o candidato, faltam detalhes para uma “parceria”.

O bolsonarista também negou que o governador de Minas Gerais estivesse tentando adaptar seus discursos a um eleitorado de centro-direita em troca de apoio. “O governador não quis interferir no meu discurso, interferir na minha campanha. Ele me parabenizou pela votação no primeiro turno e faltam alguns detalhes. Tudo correu muito bem, principalmente porque temos uma visão de mundo alinhada”, completou Engler.

‘Lula não precisa de amigos’

O candidato do PL também reafirmou sua oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse não gostar da forma como o petista faz política. Porém, Engler também destacou que será necessário estabelecer um diálogo federativo com o Palácio do Planalto, caso seja eleito.

“Não acho que o Lula precise de outro amigo, nem eu. Mas o prefeito de Belo Horizonte precisa conversar com o presidente da República, e nisso me admiro muito ao Tarcísio. Ninguém nega que ele é de direita, bolsonarista, mas quando precisa resolver os problemas do Estado ele senta com o presidente. Não será diferente em BH”, explicou o candidato do PL.

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Engler reforçou ainda que o petista só será presidente nos dois primeiros anos de seu eventual governo, e que nos últimos dois anos não é possível prever o próximo chefe do Planalto. Nesse sentido, o deputado mineiro destacou que Jair Bolsonaro é o “grande líder da direita” no Brasil.

O candidato também fez uma série de críticas a Fuad Noman, a quemo rotula como o candidato do “sistema”citando o suposto relacionamento do prefeito com empresas de ônibus e grupos políticos que já estiveram na administração da capital mineira. Engler ainda destacou o apoio de Lula ao adversário no segundo turno como algo negativo, lembrando o envolvimento do petista com escândalos de corrupção.