Empresários pedem retirada das bebidas açucaradas da taxação do Imposto Seletivo – Notícias

Empresários pedem retirada das bebidas açucaradas da taxação do Imposto Seletivo – Notícias


24/06/2024 – 20h20

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Grupo de Trabalho sobre Reforma Tributária ouviu 44 pessoas nesta segunda-feira

Para defender a retirada das bebidas açucaradas da lista de produtos que serão acrescidos do novo Imposto Seletivo (IS), os setores interessados ​​informaram aos deputados do Grupo de Trabalho sobre Regulação da Reforma Tributária (PLP 68/24) que as doenças crônicas como a obesidade tem múltiplas causas e deve ser atacada de outras formas.

Mas a representante do Ministério da Saúde no encontro, Letícia Cardoso, confirmou que o objetivo é desestimular o consumo dessas bebidas e, como estudos mostram que os preços afetam as escolhas das pessoas, defendeu o imposto para o setor. Letícia disse que doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes e complicações cardiovasculares matam cerca de 760 mil pessoas por ano no país.

O IS visa sobretaxar produtos que prejudiquem a saúde ou o ambiente. Hoje essa função é parcialmente exercida pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que será extinto.

Victor Bicca Neto, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas, disse que, segundo pesquisa do IBGE, apenas 1,7% da ingestão calórica dos brasileiros vem de bebidas açucaradas. A maior parte do consumo de açúcar, segundo ele, vem do açúcar comum, 79%. Outros convidados destacaram que a lista é discriminatória porque outros produtos cheios de açúcar ficaram de fora.

O deputado Luiz Gastão (PSD-CE) disse que o grupo de trabalho estará atento às solicitações feitas.

“Tenho também uma convicção muito forte de que não podemos deixar de priorizar alguns pontos, como o que diz respeito à nossa cultura, à nossa tradição e ao que é realmente o produto nacional – temos também que procurar, desta forma, homenagear a nossa indústria nacional, ” ele disse.

Gastão afirmou que o grupo de trabalho deverá finalizar o texto no dia 3 de julho, semana que vem.

Cerveja
No caso das bebidas alcoólicas, o setor cervejeiro pediu a manutenção da atual carga tributária. Márcio Maciel, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, também pediu a retirada do IS das pequenas cervejarias, que estão no Simples Nacional.

O presidente da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas, José Eduardo Cidade, quer mudar a regra atual, que traz alíquotas mais altas para bebidas com maior teor alcoólico. Segundo ele, a cerveja responde por mais de 90% do consumo de álcool no país, mas as empresas que ele representa são as que acabam pagando mais.

Carros e cigarros
Outro setor que será tributado pelo Imposto Seletivo é o automobilístico, sendo os que mais poluem os mais tributados. Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), se posicionou contra o imposto, afirmando que a indústria tem inovado muito para tornar os carros menos emissores de gases de efeito estufa.

“Isso atrasará ainda mais a renovação da frota brasileira, mantendo por mais tempo nas ruas os veículos mais antigos, mais poluentes e menos seguros. Só para dar um exemplo, um carro dos anos 2000 polui 20 vezes mais que um veículo novo”, destacou.

Nelson Paes, do Ministério da Fazenda, explicou que, para o setor de cigarros, também serão adotadas taxas em reais atualizadas pela inflação. Segundo ele, o imposto atual está em apenas R$ 1,50 por maço há cinco anos porque não há previsão de correção. Para Edmilson Alves, da Associação Brasileira da Indústria do Fumo, taxar mais o cigarro aumentará o contrabando.

Os setores de extração mineral como petróleo e ferro reclamaram da nova tributação porque, segundo seus representantes, ela afetará a competitividade do país no exterior, já que o texto permitiria até a taxação das exportações.

Vários palestrantes sugeriram a inclusão no Imposto Seletivo de diversos produtos, como alimentos ultraprocessados, armas e munições, agrotóxicos e até jogos eletrônicos. Nesta audiência foram ouvidas 44 pessoas.

Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Ana Chalub



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