30/10/2024 – 21h06
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Daniel Almeida (C) defendeu a participação da Comissão de Desenvolvimento Económico
No mesmo dia em que o governo anunciou mais investimentos no programa Nova Indústria Brasil (NIB), empresários e trabalhadores sugeriram, na Câmara dos Deputados, ajustes na política industrial para aumentar o número de empregos e a participação do setor no
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados Ubiraci Dantas defendeu redução dos juros e aumento do investimento público no setor
Os empresários e os trabalhadores concordaram que a “neo-industrialização” envolve a superação das elevadas taxas de juro, da burocracia, da tecnologia ultrapassada, das infra-estruturas deficientes e da concorrência com os produtos manufacturados asiáticos.
Vice-presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Ubiraci Dantas leu um documento com sugestões para, segundo ele, “libertar o país da estagnação econômica e dos altos juros liderados pelo Banco Central”.
“O principal é reduzir as taxas de juro, aumentar o investimento público, estimular o investimento privado a um novo patamar, disponibilizar crédito abundante e barato para o desenvolvimento tecnológico e concentrar as compras governamentais em empresas de conteúdo nacional.”
Ubiraci chamou o programa da Nova Indústria Brasil de “fenomenal”, mas criticou as limitações impostas pelo arcabouço fiscal e pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Outras entidades sindicais – como a Federação dos Metalúrgicos (FITMETAL) e as confederações dos trabalhadores industriais (CNTI, CNTA e CONTTMAF) – exigiram maior participação na implementação do programa.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
James Gorgen: investimentos podem chegar a quase R$ 2 trilhões
Organizador do debate, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) concordou: “As coisas estão avançando e achamos que a Comissão de Desenvolvimento Econômico não pode ficar de fora, orientando e construindo coletivamente a participação dos trabalhadores, para a qual deveria ser destinada a maior parte dessas ações .”
O coordenador da Secretaria de Desenvolvimento Industrial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, James Gorgen, informou que, nos próximos meses, serão criados grupos de trabalho para coordenar as 22 cadeias prioritárias da Nova Indústria Brasil. Gorgen também fez previsões de investimentos. “São mais de R$ 400 bilhões em crédito só dos bancos públicos (BNDES, BNB, Basa e Finep). E entendemos que há muito mais recursos: isso pode chegar perto de R$ 2 trilhões.”
Somente para os setores de infraestrutura, saneamento básico, habitação e mobilidade, o governo anunciou anteriormente no Palácio do Planalto investimentos de R$ 1,6 trilhão até 2033, envolvendo recursos públicos e privados. O programa Nova Indústria Brasil também conta com ações em cadeias agroindustriais sustentáveis; complexo industrial da saúde; transformação digital; bioeconomia, transição energética e descarbonização; e tecnologias de soberania e defesa nacional.
Para o diretor da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), André Godoy, os efeitos práticos já aparecem em medições recentes do PIB industrial. “Já está funcionando. Já estamos falando de um aumento em relação ao ano passado de 4,3% no último trimestre. Existem outros fatores, como a balança comercial, mas também é o investimento que já está gerando resultados.”
Face às alterações climáticas e às elevadas emissões de gases com efeito de estufa, os países ricos (EUA, Japão, países da União Europeia, China e outros) lançaram políticas industriais recentes que prevêem cerca de 12 biliões de dólares em investimentos, com direito a subsídios, barreiras às importações e compras públicas, segundo projeções da CNI.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Georgia Moraes
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