07/02/2024 – 22h36
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Luiz Lima: é temerário o presidente da República criticar o Banco Central
Em discursos no Plenário da Câmara, deputados comentaram as recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à decisão de junho do Banco Central (BC) de manter o Selic, taxa básica de juros, em 10,5%, e a relação entre os discursos e o aumento da cotação do dólar. A moeda norte-americana fechou esta terça-feira (2) cotada a R$ 5,66. “É claro que estou preocupado com essa alta do dólar. Há especulação”, disse Lula, em entrevista a uma rádio baiana nesta terça-feira.
Segundo o deputado Luiz Lima (PL-RJ), o fato de mesmo os quatro indicados pelo Executivo para compor o Comitê de Política Monetária (Copom) terem votado pela manutenção da taxa de juros indica tecnicidade na decisão. “Mesmo aqueles que ele nomeou viram que era temerário um presidente criticar o Banco Central, incentivar a inflação, fazer com que o dólar subisse e o Banco Central se perdesse nesta irresponsabilidade fiscal do governo federal”, disse ele. O Copom é o órgão do BC composto por nove membros que fixa a taxa Selic a cada 45 dias.
Para o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), vice-líder da oposição, o Executivo ficará sem “bode expiatório” para culpar com o fim do mandato de Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, em dezembro. “Lula nomeará um novo presidente do Banco Central e, a julgar pela indicação dos conselheiros, esse novo presidente manterá a política atual, contra a vontade de Lula, ou agirá de forma irracional e, assim, afundará ainda mais o Brasil.”
Indicadores positivos
A deputada Gleisi Hoffman (PT-PR), que é presidente do PT, afirmou que os indicadores econômicos do governo são muito melhores que as expectativas do mercado, anunciadas no boletim Focus (com previsões de cerca de 120 instituições financeiras). “O Boletim Focus dizia, no início de 2023, que a economia cresceria apenas 0,65% e que a inflação, em 2023, fecharia em 5,36%. PIBno governo Lula, cresceu 2,9%, e a inflação caiu para 4,62%”, afirmou.
Segundo Gleisi Hoffmann, não é compreensível que o mercado financeiro e a imprensa estejam apreensivos. “Dizem que o dólar está subindo, porque o presidente está falando muito, que deveria ficar calado. O presidente da República não precisa ficar calado, tem que falar a verdade”, disse o deputado, ao criticar Campos Neto.
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Lindbergh Farias: o BC deve intervir na política cambial para conter a alta do dólar
Para o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o Banco Central deveria intervir na política cambial para reduzir a valorização do dólar frente ao real. “Eles querem comprar uma crise. Isso não faz sentido! O Brasil tem 350 bilhões de dólares em reservas cambiais. Ele poderia fazer swaps cambiais, ele sabe que um dólar alto pode impulsionar a inflação. O maior compromisso do Banco Central é a estabilidade monetária”, afirmou.
Lindbergh Farias afirmou que, durante o governo Bolsonaro, o Banco Central vendeu 70 bilhões de dólares de reservas cambiais para intervir no câmbio e agora “está de braços cruzados”.
Campos Neto estaria agindo como um “governante chantagista”, na opinião do deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA). “O presidente Campos Neto deve ter responsabilidades à altura do alto cargo que ocupa em nosso país. Não atrapalhar, protegendo os lucros, protegendo os interesses, protegendo a especulação no Brasil.”
O deputado José Nelto (PP-GO) destacou que a taxa de desemprego está baixa, mas considera que a alta do dólar pode prejudicar a economia. Afirmou que a luta entre o mercado, o Presidente da República e o Presidente do Banco Central não é boa para o povo brasileiro. “Quando o dólar sobe, a inflação sobe, há perda de poder de compra”, disse.
A taxa de desemprego atingiu 7,1% no trimestre encerrado em maio (março, abril e maio), segundo o IBGEo nível mais baixo para o período desde 2014.
Reportagem – Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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