Eleição pode ter 2º turno em mais de 100 cidades e, pela 1ª vez, em todas as capitais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As eleições de 2024 serão marcadas por um acontecimento inédito no país: pela primeira vez, uma eleição municipal contará com mais de 100 cidades que terão mais de 200 mil eleitores, o que os fará escolher seus futuros prefeitos com opção de duas rodadas.

Segundo dados eleitorais disponíveis no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até abril, 102 municípios poderão realizar o segundo turno neste ano. Esse número vem crescendo desde 1996, último dado que a Justiça Eleitoral possui, quando foram 47 cidades que decidiram quem as representaria em duas idas às urnas.

Em 2020, últimas eleições autárquicas do país, foram 95 locais onde os eleitores tiveram dois turnos.

Além disso, pela primeira vez todas as capitais brasileiras terão segundo turno. No ano passado, o único que ficou de fora foi Palmas, que em 2020 registrou cerca de 180 mil eleitores, e agora, segundo dados da Justiça Eleitoral, tem 207 mil.

Os dados de 2024 ainda serão consolidados pelo tribunal, conforme conclusão do alistamento em 8 de maio. Isso significa que a lista de municípios com potencial segundo turno pode oscilar.

Este ano, além de Palmas, Embu das Artes e Sumaré (ambas em São Paulo), Camaçari (BA), Foz do Iguaçu (PR), Magé (RJ) e Imperatriz (MA) estão na lista.

Essas 102 cidades acumulam mais de 60 milhões de um total de quase 155 milhões de eleitores em todo o Brasil, o equivalente a 39% de todo o eleitorado.

O Sudeste e o Nordeste lideram entre as regiões com mais cidades com possível segundo turno, com 53 e 20, respectivamente. Em terceiro lugar vem o Sul, com 15 municípios, seguido do Norte, com nove, e do Centro-Oeste, com cinco.

Esta última região foi a única que não viu aumento de cidades com potencial segundo turno nas eleições deste ano. Na verdade, são as mesmas desde 2004, quando, além das capitais, Aparecida de Goiânia e Anápolis, ambas em Goiás, começaram a aparecer na lista.

Vale ressaltar que o Distrito Federal não consta na lista, pois não há votação municipal. É eleito o governador, que acumula as funções de chefe do Executivo estadual e de prefeito. e deputados distritais nas eleições gerais.

A única cidade que registrou perda de eleitores e saiu da lista foi Governador Valadares (MG), que há quatro anos registrava quase 214 mil eleitores, e até abril deste ano o TSE contabilizava 198 mil. Como a lista não é definitiva e houve ações para impulsionar o recenseamento eleitoral, a cidade poderá voltar a ter dois turnos.

Desde 1996, início da série histórica disponível na Justiça Eleitoral, o número de municípios com potencial segundo turno mais que dobrou. Sudeste e Nordeste já estavam na frente, com 23 e 12, nessa ordem.

Essas regiões até mostraram um crescimento nas cidades desde o início dos dados. Agora são 53 no Sudeste, um aumento de 130%, e 20 no Nordeste, 67% a mais que no início dos registros históricos. O mesmo ocorreu no Sul, onde o número de cidades na lista de possíveis segundos turnos mais que dobrou, passando de 7 para 15.

No Norte, existiam apenas duas cidades, as capitais Belém e Manaus. Este ano serão 9, um aumento de 350% desde o início dos registros. Além das cidades-sede de seus governos estaduais, há também Ananindeua e Santarém, ambas no Pará.

Como só essas cidades têm um elevado número de eleitores, o PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro, que hoje encarnam a polarização no país, devem concorrer a eles, já calculando seus recordes nas últimas eleições.

Em 2022, o ex-presidente venceu 69 delas no segundo turno, ante 33 do petista. Apesar de ter vencido nas cidades, Bolsonaro precisaria ter melhor desempenho nelas para permanecer no cargo nas eleições gerais. Lula conseguiu um bom desempenho em seus redutos eleitorais e segurou o adversário.

Lula também virou alguns municípios que o PT havia perdido em 2018. Um exemplo é a capital paulista, onde Bolsonaro venceu com 60,3% ante 39,6% de Fernando Haddad, e onde Lula se recuperou, vencendo com 53,5% a 46,5%.

O capitão reformado do Exército conseguiu aumentar sua votação a ponto de derrubar Lula no Amapá e em 251 cidades onde o petista havia vencido no primeiro turno. No geral, ele conseguiu reduzir o déficit de 6,2 milhões de votos para 2,1 milhões entre os dois turnos.

O crescimento, porém, foi insuficiente para garantir uma reviravolta sem precedentes nas eleições, e o então presidente tornou-se o primeiro a não ser reeleito no cargo.