Documentário que mostra produção sustentável de cacau estreia nesta quinta na TV Câmara – Notícias

Documentário que mostra produção sustentável de cacau estreia nesta quinta na TV Câmara – Notícias


27/11/2024 – 16h14

Divulgação/Câmera de TV

Plantio de cacau em agrofloresta, em Tomé-Açu

Em plena Amazônia paraense, uma colônia japonesa se estabeleceu há mais de 90 anos e utilizava a agricultura, principalmente o cultivo de pimenta-do-reino, como primeira fonte de renda. Foram anos de prosperidade. “Meus pais não sabiam nada e aprenderam a cultivar pimenta”, conta o produtor agroflorestal Michinori Konagano, que chegou ao Brasil aos dois anos de idade. “Mas, no final dos anos 60 e 70, choveu muito, os pimentões ficaram encharcados, adoeceram e morreram.”

Assim como a família de Michinori, muitas outras estabelecidas no município de Tomé-Açu (PA) viram seu principal meio de sustento desaparecer em questão de dias. A esperança veio com as primeiras sementes de cacau levadas pelos imigrantes japoneses para a região. Ao perceber a abundante natureza local – onde coexistem diferentes frutas, como manga, açaí, cupuaçu e jaca –, a comunidade nipo-brasileira local desenvolveu seu próprio modelo de produção sustentável, que simula a floresta nativa.

A história inusitada dos produtores japoneses na Amazônia e o sucesso da produção local virou tema do minidocumentário “Cacau de Tomé-Açu – A revolução pela agrofloresta”, produzido pela TV Câmara, com apoio do Sebrae, e que estreia este Quinta-feira (28), às 20h30. O vídeo também estará disponível no YouTube.

Cacau e açaí
“O que diferencia o sistema agroflorestal de Tomé-Açu é que o cacau é plantado com açaí, por exemplo, e você pode adicionar castanha, taperebá, que são madeira. Por isso dizemos que a floresta se forma junto com a agricultura”, explica Noemi Konagano, filha de Michinori.

Graças ao compromisso dos agricultores Nikkei Junto com a população local, hoje o cacau de Tomé-Açu é reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com o selo de Indicação Geográfica (IG), que atesta a qualidade e as características do produto da região. “Possui um QR Code com informações sobre como é produzido, quais impactos socioambientais causa, se é socialmente justo, ambientalmente correto”, detalha também o produtor agroflorestal Francisco Sakaguchi. “Isso tudo é para produzir esse cacau excelente”, explica.

Povos originais
Sakaguchi comenta que Michinori foi um pioneiro na região e que “iniciou uma pequena obra no entorno de sua propriedade, criando um projeto de transferência de tecnologia, ou seja, ensinando a tecnologia do sistema agroflorestal à agricultura familiar e aos povos indígenas”.

Michinori lidera um projeto para diminuir a distância entre indígenas e agricultores nikkeis, empoderando ribeirinhos e quilombolas. “Queimamos no passado, derrubamos florestas, poluímos. As coisas que eu fiz nunca mais voltaram. Naquela época eu não tinha o conhecimento que tenho agora, então vamos consertar daqui para frente”, garante Michinori.

Do Editor – RS



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