Mateus Parreiras, Rodrigo Silva
Presidentes de sindicatos de Minas Gerais e de São Paulo são investigados pela Polícia Federal (PF) por suspeita de enriquecimento ilícito e falsificação de documentos, em decorrência da Operação Cadastro Espúrio. As investigações revelaram que alguns dirigentes sindicais possuem propriedades luxuosas, como fazendas de gado e cavalos puro-sangue, propriedades em áreas nobres de Belo Horizonte e mansões em Campos do Jordão (SP). Entidades como o Sindicato das Construtoras (Sinduscon-MG), o Sindicato dos Trabalhadores em Montagens Industriais de Minas Gerais (Sitramonti-MG) e a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Fenatracop) são investigadas por suspeita de expansão irregular de bases e por utilização de sindicatos sem bases nos municípios para exigir contribuições cruzadas de empresas em acordos coletivos que estão sujeitos a rastreamento por suspeita de peculato.
A Operação Cadastro Espúrio (2018-2021), que repercutiu em investigações do setor de construção, encontrou suspeitos de pagamento de propina a funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para obtenção de autorizações de ampliação de base e representação de categoria. Na prática, foi criado um “sindicato” que poderia representar mais de 100 profissões, incluindo emissário submarino. A classe refere-se aos profissionais que atuam na construção de tubulações subterrâneas para lançamento de esgoto em mar aberto (disponível apenas em estados litorâneos). Após as reclamações, o MTE revogou a autorização para esta prorrogação. O Sitramonti-MG tenta reverter a decisão no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Brasília.
Documentos apurados pela reportagem reforçam as investigações da PF e apontam que o presidente do Sindicato das Construtoras (Sinduscon-MG), Renato Machado Michel, tinha ligação com os dirigentes do Sitramonti-MG, José Geraldo Domingues, e da Fenatracop, Wilmar Gomes dos Santos (também diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Infraestrutura do Estado de São Paulo (Sintrapav-SP) para assinar uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que pode prejudicar tanto as empresas do setor da construção quanto os trabalhadores. , assinada por Renato Michel e sindicalistas visados pela PF, pode ter efeito nulo, ou seja, ser anulada Segundo documentos do MTE, a Federação dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montadora estava com mandato expirado desde fevereiro, sem legitimidade para representar. trabalhadores e trabalhadoras não puderam assinar a CCT, levantando suspeitas de fraude contra associados e falsificação de documentos.
O que mais surpreende as autoridades é o fato do MTE ter aprovado esses acordos, levantando suspeitas de prevaricação. Os trabalhadores que tiveram taxas cobradas sobre seus salários e as empresas que foram obrigadas a contribuir poderão solicitar aos sindicatos a restituição pela cobrança indevida. O MTE informou que “a Corregedoria vem tomando as providências necessárias relacionadas ao assunto desde 2014. O assunto permanece sigiloso até sua conclusão”.
O MTE informa ainda que “não há necessidade de acompanhamento desse tipo de reclamação (de mandato vencido), pois o sistema Mediador (CNES), onde todos os instrumentos coletivos assinados devem ser registrados, impede o seu registro caso o mandato da diretoria da entidade dos diretores expirou. Nenhum instrumento coletivo poderá ter sido registrado por entidade cujo mandato de gestão tenha expirado no Cadastro Nacional de Entidades Sindicais – CNES. O próprio sistema impede que a entidade acesse o sistema de cadastro”, explica.
Segundo as investigações, as negociações entre sindicatos e federações seriam realizadas porque Renato, diretor sindical, tem ligações com empresas, que têm interesse nas cidades onde foram assinados os acordos suspeitos. Um dos acordos em questão, assinado em julho, determinava contribuições de 2% para trabalhadores e empresas. A PF rastreia indícios de que dirigentes sindicais estavam sendo beneficiados com o dinheiro arrecadado indevidamente. Além disso, acordos estavam sendo assinados em cidades onde os sindicatos não têm representação, levantando suspeitas de favoritismo por parte dos dirigentes envolvidos.
Manobra
Na região do Quadrilátero Ferrífero Mineiro, em Conceição do Mato Dentro, Itabira, Barão de Cocais, São Gonçalo do Rio Baixo e outras cidades, onde há cerca de 50 mil funcionários do setor trabalhando em obras em mineradoras, foram celebrados acordos suspeitos feito. A manobra foi adotada pelo Sinduscon-MG para obrigar as empresas a repassarem recursos para o Sitramonti-MG, que não tem representação nas cidades signatárias do acordo. Esse é um dos recursos que a PF investiga por suspeita de desvios. Os acordos coletivos do Sinduscon-MG orientam as empresas a fecharem acordos com o Sitramonti-MG, desde que “com prévia consulta e assessoria do Sinduscon-MG”. A ata estabelece que 1% do salário do trabalhador é arrecadado para o Sitramonti-MG, sendo 20% desse valor revertido para a Fenatracop em acordo sem assinatura do Sitramonti-MG, mas assinado pelo presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel .
José Geraldo Domingues, que trabalhou em canteiros de obras na Construtora Mendes Júnior, atualmente trabalha na Milplan Engenharia. Ele é proprietário do Haras São Judas Tadeu, localizado em Rio Casca, região central de Minas Gerais. José Geraldo, que passou de pedreiro a novo rico após se tornar sindicalista, divulga no site da fazenda os prêmios conquistados por seus cavalos-pampas. A coudelaria oferece diversos serviços, entre eles venda de embriões, aluguer de barrigas, alojamento dos animais e rações especiais. A propriedade conta com 14 garanhões, 50 doadores, 60 mães e 95 potros, destacando-se como um importante centro de criação de cavalos em Minas.
Diferentemente de José Geraldo, o empresário Renato Michel não aprecia ostentação. A Seven Engenharia, uma de suas empresas, está localizada em um prédio na Rua Curitiba, em Lourdes, bairro nobre da região Centro-Sul de Belo Horizonte. Além disso, também é sócio da Direcional Patrimar Maragogi Empreendimentos.
Em escala nacional, a Operação Cadastro Espúrio revelou um complexo esquema de corrupção que compromete a integridade dos processos de concessão de registros sindicais no país. As transferências foram cobradas para realizar ou antecipar a emissão de registros sindicais. Apenas uma inscrição custou aos interessados R$ 4 milhões. As entidades de classe que não aceitaram aderir ao esquema foram excluídas da lista ou demoraram mais para receber o registro.
RESPOSTAS DO SINDUSCON
O Sinduscon-MG enviou nota informando que desconhece qualquer envolvimento nas ações citadas. “As atividades da entidade restringem-se à negociação de Acordos Coletivos de Trabalho (CCTs), sempre de acordo com as obrigações estabelecidas em lei e nas normas institucionais.” Segundo a nota, o Sinduscon-MG não tem influência nos acordos individuais firmados entre empresas e sindicatos de trabalhadores. “Ressaltamos que a entidade não obtém nenhum benefício financeiro com acordos coletivos, que são celebrados exclusivamente para garantir condições de trabalho justas e legais aos profissionais do setor.” A entidade destacou ainda que os fatos investigados pela Operação Espúrio Cadastro ocorreram entre 2016 e 2018, antes do início da gestão do presidente Renato Michel, que vai de 2021 a 2024. “Assim, reiteramos que o Sinduscon-MG não participa ou tem conhecimento de qualquer ação que não esteja estritamente dentro de seus poderes e responsabilidades legais.”
Atividades sindicais sob suspeita
Operação de registro espúrio da Polícia Federal
Foco: ocultar ativos através
fraude em registros sindicais
Envolvidos: Sindicatos, federações sindicais
e servidores públicos vinculados ao Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE)
1ª fase (2018)
Mandados de busca e apreensão contra políticos e servidores por fraude na concessão de inscrições sindicais pelo MTE
Buscas nos gabinetes dos deputados federais Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e
Wilson Filho (PTB-PB)
2ª fase (2018)
Buscas no gabinete do deputado federal
Cristiane Brasil (PTB-RJ)
3ª fase (2018)
lMinistro do Trabalho, Helton Yomura, foi destituído do cargo pelo STF. Buscas no gabinete do deputado federal
Nelson Marquezelli (PTB-SP)
4ª fase (2018)
Prisão do sindicalista Mauri Viana Pereira, da Federação Nacional dos Trabalhadores CLT nas Cooperativas do Brasil (Fenatracoop). No total, foram nove mandados de prisão. Investigação apura desvios de R$ 9 milhões da Conta Especial de Emprego e Salário (CEES)
5ª fase (2021)
Dois mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas à Força Sindical em Brasília
19 de abril de 2024
Controladoria-Geral da União (CGU) afastou-o do cargo de comissão e demitiu nove agentes públicos
do MTE e do Incra, que participaram das negociações
uso ilícito de registros sindicais investigados pelo
Operação Registro Espúrio
Desenvolvimentos
Investigação da PF investiga ampliação da partilha de base sindical e desvio de recursos entre sindicatos e federações, semelhante ao que foi descoberto em Minas Gerais
Acordos coletivos do Sinduscon-MG em diversos municípios visando acordos entre as empresas e o Sitramonti-MG, desde que “com prévia consulta e assessoria do Sinduscon-MG”
Tais acordos foram assinados entre o Sinduscon-MG e a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Fenatracop), que está sem mandato desde fevereiro de 2024, que
pode tornar atos nulos e sem efeito
Nos acordos assinados em julho de 2024, empresas deverão pagar 1% do salário do trabalhador ao Sitramonti-MG, sendo 20% do valor destinado à Fenatracop
Fontes: PF, CGU, MTE, DOU
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