Cresce a confusão no PT e no PSOL por causa das imposições de Lula na disputa pelos prefeitos municipais.
Como costuma fazer, escolheu candidatos e determinou alianças em cidades que considera estratégicas para as próximas eleições presidenciais. Este intervencionismo foi muitas vezes sublimado.
O jogo mudou. Em São Paulo, por exemplo, parte do PT resiste ao repasse de recursos para financiar a campanha eleitoral do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, embora sua vice-presidente seja a ex-prefeita petista Marta Suplicy. Ambos foram escolhidos diretamente por Lula, que atropelou o PT municipal.
Em Manaus, o PSOL resiste ao candidato petista indicado por Lula, o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados Marcelo Ramos. Ele é um neopetista que atuou em quase todo o espectro partidário —saiu do PL de Valdemar Costa Neto e de Jair Bolsonaro e chegou ao PT de Lula, depois de passagens por PCdoB, PDT e PSD.
O PSOL no Amazonas resiste à ordem de Lula de aliança com o PT. Decidiu não apoiar o ex-deputado Ramos para ter candidatura própria, que anuncia como “inegociável”: a advogada Natalia Demes, ativista do movimento de direitos humanos e presidente do diretório municipal. A direção nacional do PSOL, que é controlado pelo candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos, ameaça intervenção no Amazonas.
Em Alagoas, o PT resiste em retirar seu candidato a prefeito de Maceió, por determinação de Lula, para se submeter à aliança com o MDB do senador Renan Calheiros.
O impasse resultou no seguinte: PT e aliados, que fazem parte de uma federação partidária nacional, devem realizar suas convenções no próximo sábado para definir listas de candidatos a vereador. Não haverá definição de aliança com o MDB ou candidatura própria na disputa pela prefeitura de Maceió até que o impasse seja resolvido em Brasília.
O PT de Maceió já havia definido um candidato, Ricardo Barbosa, presidente do partido no estado. Ele admite mudança, se petistas estiverem convencidos do “custo-benefício dessa operação [do Planalto] para atender aos anseios do senador Renan Calheiros em Alagoas e Maceió.”
Ter candidato próprio a prefeito e formar alianças para eleger vereadores é visto como uma questão de sobrevivência para partidos como PT e PSOL em vários estados. Daí a estridência. Sentindo-se sobrecarregados, os líderes locais resistem às nomeações de candidatos feitas pelo presidente, que utiliza as eleições municipais como parte de um plano pessoal para a corrida presidencial de 2026.
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