BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal prepara mudanças na DIP (Diretoria de Inteligência Policial), setor que, sob a gestão do diretor-geral Andrei Rodrigues, concentrou as principais investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O atual diretor, Rodrigo Morais, foi nomeado adido em Londres e deixará o cargo. O novo chefe será Leandro Almada, atual superintendente do Rio de Janeiro, delegado que teve protagonismo no caso Marielle.
Morais se destacou na gestão de Andrei por ter acumulado em suas diretorias as principais investigações contra o ex-presidente e seus aliados, levando a uma agenda positiva para o governo Lula (PT).
Poucos anos antes de se tornar DIP, em 2018, o delegado investigou o esfaqueamento de Bolsonaro e lá começou a ser criticado pelo então presidente e pessoas próximas a ele. Ele deixou a investigação do caso no final, quando conquistou um cargo nos Estados Unidos.
Além do DIP, outras mudanças estão ocorrendo na PF, fugindo de um padrão dos últimos anos, quando as trocas de dirigentes só ocorriam com a chegada de um novo diretor-geral.
Em Londres, Morais substituirá o delegado William Marcel Murad, principal candidato para, ao retornar, assumir a função de número 2 da PF, o cargo de diretor-executivo.
O cargo de “02” ficará vago com a saída do delegado Gustavo Leite, indicado para integrar a equipe da Interpol, organização policial internacional, que será comandada pelo brasileiro Valdecy Urquiza.
Sem nome definido
A DCI (Diretoria de Cooperação Internacional), chefiada por Urquiza, ainda não tem nome definido. O delegado Felipe Seixas, que atua na diretoria-executiva da PF, está sendo cogitado para a vaga.
Almada, sucessor de Morais no DIP, é bem visto pelos colegas da atual gestão e já ocupou vários cargos de liderança na PF.
Antes de assumir a direção da PF no Rio de Janeiro, foi responsável pelo inquérito aberto para apurar a tentativa de interferência no inquérito conduzido pelo Ministério Público do Rio sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) em 2018.
No governo Lula, após ser nomeado para chefiar a PF do Rio de Janeiro, montou a equipe que encerrou o caso e nomeou membros da família Brazão como seus mandantes.
Para a sua nova missão como chefe do setor de Inteligência, Almada deverá ter na sua equipa um dos delegados do caso Marielle.
O delegado Jaime Cândido é cotado para assumir a CGI (Coordenação Geral de Inteligência).
Contra-inteligência
Rafael Caldeira, atual chefe do CGI, deverá ser nomeado para a CGCINT (Coordenação Geral de Contra-espionagem), setor onde estão as principais investigações envolvendo Bolsonaro.
Caldeira já trabalhou com Almada na superintendência da PF no Amazonas e ficou conhecido por conduzir a investigação que deu origem à operação La Muralla, em 2014, que desmantelou o comando da facção Família do Norte.
O cargo que será ocupado por Caldeira pertencia ao delegado Thiago Severo Rezende, nomeado oficial de ligação da Europol (agência policial da União Europeia).
Rezende foi enviado ao exterior logo após mudar o entendimento de outro delegado e indiciar familiares que assediaram o ministro do STF Alexandre de Moraes em Roma, na Itália.
Na gestão do delegado Andrei Rodrigues, o DIP foi inflado por investigações envolvendo Bolsonaro e seu entorno, o que levou a um esvaziamento do setor responsável pelas investigações nos tribunais superiores.
Postagens na Europa
No total, pelo menos três delegados da liderança da corporação deverão trocar seus cargos por cargos na Europa.
As nomeações para cargos no exterior são de responsabilidade de Andrei. As nomeações são vistas como uma recompensa internamente e sempre têm como alvo os delegados que ocuparam posições de liderança sensíveis na corporação.
Segundo delegados ouvidos pela Folha, a indicação de Leandro Almada para cargo relevante como diretor do DIP se deveu à atuação dele e de sua equipe na investigação do caso da morte de Marielle.
Com a chegada da equipa de Almada ao DIP, a disputa pela chefia da superintendência do Rio intensificou-se. Um dos listados é o superintendente da Bahia, Flávio Albergaria.
Há também um movimento de petistas cariocas para tentar chegar à chefia da PF no estado. Segundo relatos, o nome defendido por eles é o do delegado Carlos Henrique de Oliveira.
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