08/06/2024 – 19:09
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Participantes do 21º Seminário LGBTQIA+ do Congresso Nacional
Entidades civis, ativistas, gestores públicos e parlamentares debateram nesta terça-feira (6) o combate ao preconceito e os desafios de políticas integrais de saúde, cidadania e educação para a população LGBTQIA+. O debate aconteceu em seminário promovido por sete comissões da Câmara dos Deputados.
A deputada Duda Salabert (PDT-MG) destacou as dificuldades relacionadas à LGBTfobia e ao crescimento da mobilização para fazer valer direitos. “O contexto é complicado com o avanço do fascismo e da ultradireita, mas nunca vi um movimento tão mobilizado, tão articulado como é agora. E este seminário é um momento importante para pavimentar o caminho dessa luta e dar munição na construção dos anos que nos aguardam”, afirmou.
O seminário comemorou os 25 anos da resolução (1/99) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que proíbe a participação desses profissionais em terapias de conversão, mais conhecidas como “cura gay”. A medida segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, desde 1990, retirou a homossexualidade da classificação internacional de doenças (CID). Além disso, os psicólogos não deveriam tratá-lo como um distúrbio ou uma perversão.
No entanto, o presidente da concelhia, Pedro Bicalho, lembrou que a resolução continua a ser vítima de ataques judiciais (ações públicas), parlamentares (projetos de suspensão) e religiosos. “Neste momento, muitas pessoas LGBTQIA+ estão em comunidades terapêuticas no Brasil, passando por processos de terapia de conversão. As comunidades terapêuticas não são unidades de saúde, não são instalações de assistência social, não são instalações que deveriam ter qualquer cêntimo de financiamento público”, afirmou.
Para reafirmar os direitos das pessoas trans, o Conselho Federal de Psicologia aprovou uma nova resolução (18/1) em 2018 e lançou o livro “Tentativas de aniquilar as subjetividades LGBTI”, com histórias de violência na “cura gay”.
Advogado e doutor em ciências políticas, Thiago Coacci reconheceu a importância dessas resoluções profissionais, mas destacou a necessidade de avanços na legislação, especialmente com punições administrativas e criminais. A Câmara dos Deputados já analisa quatro projetos de lei (PL 737/22 e apegado) que proíbem e punem as terapias de conversão.
“Projetos de lei que criminalizam isso são muito importantes. Mas também seria muito importante uma regulamentação administrativa que tocasse o bolso das clínicas que, de alguma forma, praticam essas terapias”, afirmou.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Thiago Coacci (L) pediu punições para clínicas que prometem “cura gay”
Cirurgias de reajuste
A representante do Ministério da Saúde, Flávia Teixeira, explicou que um dos marcos sobre o tema é a resolução (1.482/97) do Conselho Federal de Medicina (CFM) que autoriza cirurgias de reajuste genital, antes consideradas mutilantes. Isso ocorreu em 1997 e, desde então, esforços têm sido feitos para melhorar os serviços à população LGBTQIA+.
“O Ministério da Saúde entende a orientação sexual e a identidade de gênero como determinantes sociais. Isso é extremamente importante para pensarmos como se constituem as políticas públicas, reconhecendo a especificidade deste grupo”, afirmou Flávia Teixeira.
Políticas educacionais
As deputadas Erika Kokay (PT-DF) e o professor Goreth (PDT-AP) citaram resistências ao tema no Parlamento e os desafios na construção de novas políticas públicas de educação.
A deputada Erika Hilton (Psol-SP) falou sobre como abordar o tema nas escolas. “Temos visto nos últimos anos o quanto a escola tem sido contestada pela extrema direita e pelo discurso de ódio, o quanto eles querem colocar a agenda LGBTQIA+ como uma agenda inimiga da educação e inimiga da sociedade.”
Ativista do Movimento LGBT, Toni Reis apelou à “cura dos preconceitos e estigmas” e ao combate às notícias falsas. “Não queremos destruir a família de ninguém: queremos construir a nossa, do nosso jeito, do nosso jeito. Não queremos sexualizar nenhuma criança: queremos ensinar as crianças a respeitar as diferenças. E não estou acostumado a ser gay, sou gay. Então, não é uma questão alfandegária: é uma questão de direitos humanos”, declarou.
O 21º Seminário LGBTQIA+ do Congresso Nacional também contou com representantes do Ministério da Educação, do Ministério dos Povos Indígenas, do Ministério Público, da Justiça do Trabalho, da Organização das Nações Unidas (ONU) e de universidades.
O evento foi promovido pelas comissões Amazônia e Povos Originais e Tradicionais; da cultura; Defesa dos Direitos das Mulheres; Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial; Legislação Participativa; e Saúde da Câmara dos Deputados.
Relatório – José Carlos Oliveira
Montagem – Pierre Triboli
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