Debatedores defendem penas mais rígidas para receptadores de cargas roubadas – Notícias

Debatedores defendem penas mais rígidas para receptadores de cargas roubadas – Notícias


11/12/2024 – 20h24

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Zé Trovão é autor de projeto que prevê federalização do crime de roubo de carga

Embora venha caindo nos últimos anos, o roubo de cargas ainda causa enormes prejuízos e insegurança nas estradas brasileiras, segundo participantes do debate na Comissão de Transportes da Câmara.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Transporte e Logística de Cargas, Eduardo Rebuzzi, de 2017 para o ano passado houve uma queda de 54% nos roubos de cargas. As perdas, no entanto, permaneceram elevadas. O valor dos bens roubados em 2023 soma, segundo ele, mais de R$ 1 bilhão.

Segundo o assessor da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos Alan Medeiros, levantamento feito pela entidade mostrou que 46% dos caminhoneiros do país já foram assaltados pelo menos uma vez. O especialista acrescentou que medicamentos, alimentos, electrónica, metais, combustíveis e vestuário representam 88% dos produtos roubados.

Entre as medidas para reduzir furtos e furtos de cargas, os participantes da audiência pública defenderam punições maiores para quem recebe a mercadoria.

Eduardo Rebuzzi destacou que os produtos mais visados, como combustíveis, alimentos e metais, não são vendidos em camelôs. Portanto, existem empresas legais que comercializam esses produtos e devem ser punidas. “Tudo isso vai para o destinatário, vai para uma rede legalizada da indústria de comércio, que vende os produtos com lucros enormes. Então você chegou em um estabelecimento, seja indústria ou comércio, e encontrou produtos que não possuem nota fiscal, seu CNPJ deve ser suspenso, sua atividade suspensa, e os responsáveis ​​devem ser presos.”

Para Alan Medeiros, aumentar as penas para recebimento de bens furtados é fundamental. Com esta medida, ele acredita que os criminosos continuarão detidos, ao contrário do que acontece hoje. “Por que você sai da prisão tão rapidamente? Pena por roubo de um a quatro anos, então a fiança sai ali mesmo. O roubo é um pouco maior, mas ainda assim não é o que acreditamos que deveria ser. Recepção, principalmente, de um a quatro anos e multa, para não ser preso. Só depois de cinco anos é que ele permanece detido lá por mais tempo.”

José Cruz/Agência Brasil

O Brasil tem 75 mil km de rodovias, mas apenas 12,5 mil policiais rodoviários federais para fiscalizar toda essa extensão

Projetos
Os debatedores também pediram a aprovação de propostas que tramitam na Câmara relacionadas ao roubo de cargas. Um deles é de autoria do deputado Zé Trovão (PL-SC), que pediu a realização da sabatina. O Projeto de Lei 375/24 prevê a federalização do crime de furto de carga segurada com investigação a cargo da Polícia Federal.

Apenas o presidente do Instituto Carga Segura, Julio Cezar Dos Reis, manifestou preocupação com a medida. Ele destacou que o país tem menos de 13 mil policiais federais, ante mais de 100 mil policiais civis. Júlio dos Reis destacou ainda que muitas cidades não contam com a presença da Polícia Federal, o que pode dificultar a denúncia dos crimes.

Zé Trovão garantiu que a intenção do texto que propõe é garantir o trabalho conjunto entre os diferentes órgãos. “Federalização não significa tirar das mãos das entidades a responsabilidade e o direito de realizar as devidas investigações. O que a gente quer é expansão, é colocar a Polícia Federal na lista de quem investiga e trata desses assuntos.”

Tecnologias de rastreamento
O vice-coordenador de Áreas Especializadas de Combate ao Crime da Polícia Rodoviária Federal, Francisco Rodrigues de Oliveira Neto, argumentou que o roubo de cargas é “um problema difícil” de resolver. O policial destacou que o país possui mais de 75 mil km de rodovias, mas conta apenas com 12 mil e 500 policiais rodoviários federais para fiscalizar toda essa área.

Uma medida eficaz para combater esse tipo de crime, na opinião de Oliveira Neto, seria a utilização de tecnologias para rastrear os produtos de maior valor. Desta forma, pensa que seria possível identificar a origem e o destino das mercadorias e, caso sejam roubadas, saber onde e por quem estão a ser vendidas.

Reportagem -Maria Neves
Edição – Georgia Moraes



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