06/06/2024 – 17:14
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Debatedores criticaram legislação sobre pesticidas
Debatedores defenderam nesta quinta-feira (6), durante seminário realizado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, medidas imediatas para reduzir o uso de agrotóxicos. O evento contou com a presença de representantes de ministérios e entidades ligadas à agricultura.
Na opinião do coordenador-geral de Transição Agroecológica do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Cássio Murilo Trovatto, a Política Nacional de Agroecologia, que já existe há um ano, e a implementação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), seriam respostas eficazes para Lei de Pesticidas.
“O Pronara pode ser o instrumento para renovar o debate em torno da agenda dos agrotóxicos e refazer os caminhos para que possamos de fato levar uma vida mais saudável e boa para nossos agricultores”, afirmou.
A Lei 14.785/23 instituiu o Ministério da Agricultura como coordenador da liberação dos chamados defensivos agrícolas e reduziu o papel da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a questões técnicas apenas. .
O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário defende medidas restritivas ao registo de pesticidas proibidos no estrangeiro que provocam doenças crónicas e o reforço do papel regulador dos órgãos de Saúde e Ambiente.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Eliane Ignotti: envenenamento é a ponta do iceberg
Intoxicação
Segundo a coordenadora-geral de Vigilância e Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, Eliane Ignotti, nos últimos dez anos foram 124 mil casos de intoxicações por agrotóxicos, muitos relacionados ao trabalho, outros acidentais, além de casos de suicídio devido ao fácil acesso ao ambiente familiar.
“É a ponta do iceberg. É um número muito pequeno quando comparado ao que realmente ocorre ou às consequências para a saúde decorrentes dessa exposição”, observou Eliane Ignotti.
“Não é simples pensar na vigilância da saúde das populações expostas a agrotóxicos. O Ministério da Saúde, dentro do que chamamos de plano nacional de vigilância sanitária, tem um programa chamado programa de vigilância sanitária para populações expostas a agrotóxicos. É um programa difícil de montar porque envolve entender, reconhecer áreas de risco, interagir com a comunidade”, acrescentou Eliane Ignotti.
Leite materno
A analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Adriana Amaral, disse que vestígios de agrotóxicos podem ser encontrados até no leite materno. Segundo ela, os agrotóxicos prejudicam a qualidade do solo e da água e prejudicam a ação de polinizadores, como as abelhas.
Para a gerente de projetos da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, Márcia Muchagata, é importante que as pessoas tenham acesso a alimentos de qualidade e minimamente processados.
Ela citou trabalho do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que avaliou a presença de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados. O Idec identificou a presença de agrotóxicos em 24 alimentos, entre biscoitos, massas e farinha de trigo.
O representante do Ministério do Desenvolvimento Social afirma que, em 2020, cerca de 30% das amostras de feijão continham vestígios de glifosato e glucofosinato, dois herbicidas.
Márcia Muchagata informou que existem pelo menos 32 doenças associadas aos alimentos ultraprocessados, entre elas câncer, problemas cardíacos e problemas metabólicos. “Mas não é só nos alimentos ultraprocessados, infelizmente, que os agrotóxicos estão presentes. Ele está muito presente nos nossos alimentos in natura e na nossa cesta básica”, afirmou.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Maria Augusta: Anvisa reduziu poder no controle de agrotóxicos
Isenção de imposto
A coordenadora da Gerência de Monitoramento de Riscos da Coordenadoria de Toxicologia da Anvisa, Maria Augusta Rodrigues, lembra que a nova legislação substituiu a função da Anvisa, que era definir critérios técnicos para classificação toxicológica e avaliação de risco à saúde com o uso de agrotóxicos e passou pelo apoio técnico ao registro corpos.
O representante da campanha contra os agrotóxicos, Erivan Silva, lembrou que os agrotóxicos têm isenção fiscal, e que essa isenção deve ser aproveitada para a utilização de tecnologias alternativas ao uso desses produtos químicos.
Supermercados
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Nilto Tatto (PT-SP), que solicitou o debate, defendeu que os consumidores deveriam ser informados sobre a presença de agrotóxicos nos alimentos.
“O que queremos é que, quando chegarmos a uma feira, a um supermercado, haja produtos sem agrotóxicos e produtos com agrotóxicos na prateleira. Que possamos pagar mais barato por produtos livres de pesticidas não é a realidade hoje. Então buscar insumos biológicos alternativos é um caminho, é um debate que está acontecendo aqui”, disse Tatto.
Segundo o deputado, é dever do Estado incentivar a transição de modelos agrícolas baseados em princípios e práticas agroecológicas. Ele afirma que, desde a década de 1970, o Estado incentiva o uso de agrotóxicos e fertilizantes ao subsidiar o atual modelo de produção agrícola.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Montagem – Roberto Seabra
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