Debatedores criticam novas diretrizes do MEC para educação infantil – Notícias

Debatedores criticam novas diretrizes do MEC para educação infantil – Notícias


13/06/2024 – 19:50

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Reunião do Comitê de Educação

Em audiência sobre investimento na educação e alfabetização infantil, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, os participantes reclamaram das novas diretrizes do Ministério da Educação para a educação infantil e básica. Segundo Ilona Becskeházy, que foi secretária de Educação Básica do MEC durante o governo Bolsonaro, a antiga Política Nacional de Alfabetização foi “derrubada sem qualquer justificativa”.

O ex-secretário sustentou que a Política Nacional de Alfabetização foi criada “com respaldo técnico”. Segundo ela, as orientações para a educação infantil foram baseadas em categorias fundamentais ao processo de alfabetização, como consciência fonêmica, fluência na leitura oral, desenvolvimento de vocabulário, compreensão de texto e produção escrita.

“A Política Nacional de Alfabetização tinha um desenho extremamente claro, que esse compromisso não tem hoje”, disse ela. “Ficou claro o que deveria ser feito”. Ela diz que o compromisso atual é uma “lista de regulamentações que já existiam ” e não traz nada de novo em relação à alfabetização.

Na atual gestão do Ministério da Educação, a política anterior foi substituída pelo Compromisso Nacional pela Alfabetização da Criança. Segundo o atual diretor de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação do MEC, Lourival José Martins Filho, o compromisso reconhece o direito à alfabetização até o segundo ano do ensino fundamental.

Este ponto foi criticado pelos debatedores. Segundo o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araújo e Oliveira, “o mundo inteiro tem um consenso” de que os alunos devem ser alfabetizados ao final do primeiro ano escolar. “Tudo o que você não consegue é um erro de processo, você tem que persegui-lo”, disse ele.

Ilona Becskeházy também defendeu que os alunos sem problemas cognitivos devem ser alfabetizados no primeiro ano. Segundo ela, toda a desigualdade social observada no Brasil resulta da incapacidade do país de alfabetizar as crianças na idade adequada.

Lourival José Martins Filho rebateu que, apesar dos supostos avanços científicos da extinta Política Nacional de Alfabetização, mais de 180 grupos de pesquisa do país enviaram documento solicitando a revogação da antiga norma.

Lourival Filho destacou ainda que a adesão dos estados e municípios às novas diretrizes da educação infantil é voluntária, e todos podem continuar utilizando os critérios da antiga política. Mesmo assim, 5.558 municípios já aderiram ao Compromisso Nacional pela Alfabetização da Criança.

A gerente de Políticas Públicas da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Karina Fasson, destacou que a educação infantil de qualidade, além de construir bases sólidas para o restante do processo educacional, também traz consequências para o país.

Karina Fasson destacou que as pessoas que recebem educação de qualidade na primeira infância aprendem três vezes melhor nas fases posteriores. Além disso, esses indivíduos têm mais condições de ingressar no mercado de trabalho e receber salários 36% melhores, em média. Ela também afirmou que uma educação infantil de qualidade significaria uma redução de 50% na criminalidade e uma redução nos gastos com saúde.

O debate foi realizado a pedido do deputado [[Adriana Ventura]]que coletou sugestões dos especialistas convidados para debates e ações da Comissão de Educação, como a retomada do GT Alfabetização e a atuação no monitoramento da descontinuidade de programas, por exemplo.

Reportagem -Maria Neves
Edição – Ana Chalub



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