Crise no IBGE sob a gestão de Pochmann escala em m…

À frente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde agosto de 2023, o presidente da entidade, Marcio Pochmann, tem enfrentado resistência dos funcionários, em meio a uma crise na instituição. A insatisfação foi revelada nos últimos dias, por meio de nota publicada pelo sindicato nacional dos trabalhadores do IBGE, que lista diversas medidas tomadas pelas lideranças que causaram atritos, inclusive com a Diretoria do instituto.

O principal motor da crise foi a criação da Fundação IBGE+, órgão privado mantido em sigilo durante meses, e tornado público – inclusive internamente – somente após a publicação de seu estatuto. A ideia do novo braço do IBGE é captar recursos, por exemplo, de empresas estatais e bancos públicos, o que, na visão de Pochmann, é proibido pela legislação, se feito pela instituição de origem.

Aos olhos do conjunto de empregados, expresso na nota sindical, porém, a criação da fundação reflete o modelo de gestão de Pochmann, que não consulta o corpo de trabalhadores para suas decisões. Para eles, o novo órgão foi “instalado sem consulta ao corpo técnico da instituição” e corre o risco de, uma vez “colocado em funcionamento, poder comprometer a autonomia técnica do órgão oficial”.

“As recentes demissões na Diretoria de Pesquisas da organização, somadas às insatisfações manifestadas por outros membros da administração, demonstram de forma irrefutável que não se trata de um desentendimento comum entre dirigentes e sindicalistas, ou mesmo algum descontentamento por parte de uma minoria de colaboradores. A insatisfação chegou à mesa da Diretoria do IBGE, que o presidente divide com os diretores”, diz outro trecho do texto.

Oficialmente, o sindicato afirma que, neste momento, prefere se manifestar apenas através do texto publicado. Nos bastidores, porém, existe a expectativa de que um novo posicionamento seja publicado nos próximos dias, reiterando a postura contrária ao presidente do IBGE. A crise, segundo o sindicato dos empregados, tem servido “de pano de fundo para graves e falsas alegações de que a autonomia técnica do IBGE estaria comprometida, colocando em dúvida a credibilidade dos dados divulgados”, o que foi negado pela entidade.

A manifestação foi uma resposta a outra nota, divulgada na semana passada, justamente pela presidência do IBGE. O texto afirmava que “são condenáveis ​​os ataques de servidores e ex-funcionários, instituições sindicais, entre outras, que têm espaço na internet e nos meios de comunicação para espalhar mentiras sobre o próprio IBGE”. E diz ainda que o órgão “seguirá o exemplo do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República, que vêm enfrentando judicialmente a desinformação e a mentira”.