18/12/2024 – 14h33
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Deputados e senadores reunidos no plenário da Câmara nesta quarta
O Congresso Nacional aprovou nesta quarta-feira (18) o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 (PLN 3/24) com meta fiscal de déficit zero para 2025. Mas o governo poderá trabalhar com uma margem de tolerância prevista no quadro fiscal, de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2025, isso significa um déficit de até R$ 30,9 bilhões.
Para as estatais federais, a meta será um déficit primário de R$ 6,2 bilhões. A projeção do resultado primário dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, que é apenas indicativa, é de superávit de R$ 1 bilhão.
A LDO estabelece regras para a elaboração e execução dos orçamentos anuais.
Emendas parlamentares
Na sessão desta quarta-feira (18), o líder do governo no Senado, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse concordar com a medida solicitada por líderes partidários para retirar o dispositivo que permitia o bloqueio de emendas parlamentares vinculantes.
Eles argumentaram que o tema está sendo tratado na votação do ajuste fiscal proposto pelo governo. O bloqueio pode ocorrer para evitar ultrapassar os limites de gastos do Executivo.
O deputado Domingos Sávio (PL-MG) defendeu as emendas parlamentares. “A emenda não é do deputado, é da população”, disse.
Dívidas do Estado
O relator, senador Confúcio Moura (MDB-RO), apresentou um aditivo em Plenário para permitir que empresas estatais dependentes do Orçamento da União incluam dívidas existentes até 2024 em seus contratos de gestão com o governo.
Essas empresas são aquelas que estão em transição para entrar no orçamento de investimentos de outras estatais.
Fundo partidário
Confúcio também explicou que, por acordo entre os líderes, o Fundo partidário será corrigido, desde 2016, pelas regras do quadro fiscal, ou seja, ganho de pelo menos 0,6% acima da inflação.
A versão anterior vinculava a despesa à correção de despesas da Justiça Eleitoral. Técnicos afirmam que a diferença é de R$ 160 milhões.
Isenção fiscal
Outra mudança realizada em Plenário na LDO 2025 flexibiliza a renovação das isenções fiscais nos setores de TI e tecnologia. Eles não teriam que cumprir prazos e metas de 5 anos.
Obras federais
Foi aceita emenda que trata de recursos repassados por estados e municípios para obras federais. Neste caso, o objetivo é deduzir esses valores das dívidas destes governos com a União.
Rede Sarah
Outra alteração garante à Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação a execução do seu contrato de gestão com o Ministério da Saúde, caso o Orçamento não seja publicado até ao final do ano.
Centro de destino
Na discussão, o senador Rogério Marinho (PL-RN) disse ser a favor de uma versão inicial do relatório da LDO que obrigasse o governo a perseguir o centro da meta fiscal durante a maior parte do ano. Segundo ele, a atual situação fiscal do país exige mais restrições de gastos.
Emendas do comitê
Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), os parlamentares também são responsáveis pelas contas na aprovação de renúncias fiscais e pelo valor das alterações no Orçamento da União. “Vamos parar com a hipocrisia”, queixou-se.
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) criticou a forma como serão distribuídas as emendas da comissão, conforme acordado na LDO. Segundo ela, os dirigentes partidários decidirão a destinação dos recursos e a própria comissão não terá participação nisso.
Ela também contestou os contratos de gestão de estatais dependentes porque, em sua opinião, isso poderia permitir gastos incontroláveis, principalmente da Telebrás.
Outras medidas
O texto da LDO também prevê alterações nas seguintes áreas:
- Despesas não contingenciais
Eram 71 tipos na proposta original e aumentaram para 93. contingência é feito quando a meta fiscal está em risco.
- Empresas estatais dependentes
Trata da transição das empresas estatais dependentes do orçamento geral para o orçamento de investimento. Eles celebrarão contratos de gestão com o governo.
Nas transferências para municípios, não serão proibidas as transferências para municípios com população inferior a 65 mil habitantes que estejam inadimplentes.
A possibilidade de atendimento de entidades sem fins lucrativos prestadoras de serviços de saúde foi ampliada para permitir a realização de obras físicas.
- Alterações especiais de transferência (Pix)
Estas são alterações parlamentares individuais ao Orçamento. O relatório determina que o plano de trabalho deverá ser informado previamente, com o objeto e valor da transferência. A falta de um plano pode resultar na suspensão da implementação da alteração.
Permite a execução parcial de aditivos com impedimentos técnicos e aumenta despesas administrativas que podem ser pagas com recursos de aditivos.
Os autores das emendas parlamentares deverão indicar a ordem de prioridade para sua execução.
Dispensa a apresentação de indemnizações por propostas legislativas que aumentem despesas ou criem renúncias de receitas em valor inferior a um milésimo de por cento do Receita Corrente Líquida realizada em 2024. Deverá corresponder a cerca de R$ 13 milhões.
A política de aplicação de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) deverá priorizar projetos de redução de impacto ambiental nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal; resiliência climática das cidades e atividades económicas; descarbonização e transição energética.
O Banco da Amazônia deve apoiar projetos de adaptação às mudanças climáticas em qualquer área econômica.
Cria programação específica para incluir transferências de recursos para Instituições de Ensino Comunitárias.
Cria categorias de programação específicas para gastos com centros especializados no atendimento integral de pessoas com transtorno do espectro do autismo e no apoio à educação de pessoas com altas habilidades.
Abre a possibilidade de destinação de recursos federais para a construção e manutenção de rodovias estaduais e municipais destinadas à integração de modais de transporte ou fluxo produtivo; e para a malha hidroviária brasileira, utilizada para transporte de cargas e pessoas.
Permite que recursos do programa Habitação Dignificada sejam destinados a operações conjuntas com Parcerias Público-Privadas (PPP) na área habitacional.
- Fundo Nacional de Aviação
O financiamento do BNDES com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil destinará 10% dos empréstimos às companhias aéreas para investimentos em melhorias no rastreamento de bagagens e animais.
Foi criado um anexo de metas e prioridades com base em sugestões de deputados e senadores. Este anexo, juntamente com os programas previstos no Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, poderá orientar a elaboração de emendas da bancada estadual ao Orçamento.
Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Natalia Doederlein
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