Comissões debatem criação de estatal para explorar base de Alcântara – Notícias

Comissões debatem criação de estatal para explorar base de Alcântara – Notícias


27/11/2024 – 19:17

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Debate nas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional e de Ciência, Tecnologia e Inovação

A criação da Alada, empresa pública que explorará a infraestrutura de navegação aeroespacial brasileira, foi tema de audiência pública conjunta realizada nesta quarta-feira (27) pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; e Câmara de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os debatedores apoiaram a criação da estatal, prevista no Projeto de Lei 3.819/24, enviado pelo governo em outubro deste ano. A proposta tramita em regime urgência e poderá ser votado diretamente pelo Plenário.

A proposta prevê a exploração econômica da base de lançamento de foguetes do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, e, segundo os participantes, contribuirá para o desenvolvimento tecnológico brasileiro e garantirá a defesa nacional.

Professor da Universidade Federal do Maranhão e assessor do conselho de inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Ronaldo Carmona acredita que a Alada pode reduzir algumas características vulneráveis ​​do Brasil, como a dependência do GPS, o uso de satélites meteorológicos e estrangeiros comunicação e compra de imagens para monitoramento do território brasileiro, o que coloca em risco a própria segurança nacional.

O representante do Comando da Aeronáutica, Brigadeiro-Mor Rodrigo Alvim de Oliveira, destacou que a criação da empresa é debatida há dez anos.

Estima-se que, neste momento, existam 160 projetos de construção de foguetes em todo o mundo e que estas empresas necessitarão de pontos de lançamento. Segundo o Brigadeiro, a possibilidade de firmar contratos rentáveis ​​trará benefícios ao país, pois, no mercado, esses contratos podem chegar a R$ 5 milhões por lançamento.

“Hoje está em vigor um contrato assinado com a empresa sul-coreana para lançamento de foguetes lá em Alcântara. O contrato é assinado diretamente com a Força Aérea, apenas é cobrado o preço, o valor do custo de substituição e manutenção da infraestrutura que a empresa utiliza em Alcântara. E esse valor de custo, atualmente em contrato, para cada lançamento, é de apenas R$ 250 mil. Enquanto o preço de mercado pode chegar a R$ 5 milhões, um lançamento”.

O secretário de Coordenação e Assuntos Aeroespaciais do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), brigadeiro Marcos Aurélio Valença, reforçou que a Alada não é uma indústria que vai competir com outras, mas sim uma empresa que promove o crescimento das empresas do setor.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Carlos Zarattini acredita que a criação da agência reduzirá a dependência do Brasil de tecnologias estrangeiras

Sobreposição
O deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) teme que a criação de uma nova estatal possa causar prejuízos ao país e aumentar as contas públicas. “Já temos as agências, Aeroespacial, Anac. Criamos uma das maiores empresas aeronáuticas do mundo, a Embraer, e outras empresas criadas pelo governo federal. E agora estamos prestes a criar uma nova agência. Vejo desperdício, falta de objetividade, de sistematização”, disse Hauly.

Apesar de concordar com a criação do Alada, o presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antônio Chamon, teve ressalvas quanto ao projeto em discussão na Câmara. Segundo ele, é preciso deixar claro que não haverá sobreposição de responsabilidades da Alada com outras estatais.

Marco Antônio Chamon também alertou sobre possíveis prejuízos que poderão ocorrer caso a empresa seja autorizada a solicitar em grande número servidores de outras instituições para compor seu quadro de funcionários. “Essa pode não ser a melhor solução, retirá-la de outros locais, porque a própria empresa precisará de convênios com essas outras instituições, para utilizar seus laboratórios e sua competência técnica.”

Um dos autores do pedido de audiência pública, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) acredita que a criação da agência reduzirá a dependência do Brasil de tecnologias estrangeiras para operações que coloquem em risco a soberania nacional.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) destacou ainda que a Base de Alcântara é um dos melhores pontos para lançamento de foguetes do mundo e que a estatal pode ajudar no desenvolvimento socioeconômico local e nacional.

Reportagem – Mônica Thaty
Edição – Georgia Moraes



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