23/10/2024 – 14h17
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Comissão especial que analisou a legislação do sistema portuário
Comissão especial de juristas aprovada nesta quarta-feira (23) rascunho novo marco legal para o sistema portuário público e privado. Representantes portuários protestaram contra possíveis mudanças nas regras trabalhistas.
“Esta proposta respeita a tradição e abraça a inovação, em conformidade com os princípios da livre iniciativa e da valorização do trabalho humano”, afirmou o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo Celso Peel, relator no colegiado.
Celso Peel afirmou que a minuta foi fruto de um trabalho coletivo. Além dos 15 membros da comissão especial, foram ouvidos 43 convidados em 12 eventos públicos. Segundo o relator, o grupo recebeu mais de cem sugestões por escrito.
“A minuta visa não apenas atender às necessidades do presente, mas lança as bases para um futuro em que o setor portuário brasileiro será referência mundial em eficiência, inovação e responsabilidade social”, afirmou Celso Peel no parecer.
Entre outros pontos, a minuta aprovada prevê:
- fortalecer o Ministério dos Portos e Aeroportos na formulação de políticas públicas para o setor portuário;
- a ampliação das competências da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e das autoridades portuárias na gestão portuária;
- a criação de uma câmara de autorregulação e resolução de conflitos no setor portuário, visando soluções administrativas em vez de disputas judiciais;
- um plano nacional de dragagem direcionado a navios de grande porte, com possibilidade de financiamento pelo Fundo da Marinha Mercante; e
- atualizações nas regras trabalhistas e medidas para desburocratizar as atividades nos portos públicos e privados.
O diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, defendeu a planejada redução da burocracia. “Isso aproximará a gestão dos portos públicos e privados. O desafio é que haja uma governação à altura da flexibilidade que a futura lei deverá trazer”, afirmou.
Avaliações
Uma das mudanças criticadas por representantes dos trabalhadores portuários e pelo Ministério Público do Trabalho é o fim da exclusividade, nos portos públicos, da contratação de trabalhadores temporários, prevista na atual Direito Portuário.
“Minha visão é de frustração. Achei mesmo que poderia sair daqui com a resolução dos conflitos, mas, pelo anteprojeto, parece que teremos outros pela frente”, lamentou o advogado Eraldo Franzese, que trabalha para trabalhadores portuários em Santos (SP).
A minuta seguirá agora para análise do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). Criado no final de 2023a comissão especial foi presidida pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho Douglas Alencar Rodrigues.
Relatório – Ralph Machado
Montagem – Roberto Seabra
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