12/06/2024 – 16h55
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Ricardo Salles: texto deveria ser ainda mais rigoroso
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (12) por 47 votos a 17, o admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição 45/23, que criminaliza a posse e porte de qualquer quantidade de drogas.
O texto, que já foi aprovado no Senado, ainda precisa passar por uma comissão especial e depois pelo Plenário, em dois turnos de votação.
De acordo com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 45/23), deve ser definido de acordo com as provas se a pessoa flagrada com drogas será acusada de tráfico ou enquadrada como usuário.
Hoje, os Lei Antidrogas considera crime comprar, armazenar, transportar ou trazer drogas para consumo pessoal, com penas como alertar sobre os efeitos das drogas e prestar serviços à comunidade.
Caso a proposta seja aprovada, a criminalização do usuário passará a fazer parte da Constituição, e ficará acima da Lei Antidrogas.
A análise da PEC ganhou força no Congresso depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a discutir a descriminalização do porte de pequenas quantidades de maconha. O placar era de 5 a 3 a favor da descriminalização quando um pedido de revisão suspendeu o julgamento em março deste ano.
A discussão da proposta na CCJ mostrou opiniões divergentes sobre o tema. Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a PEC busca colocar um “corpo estranho” no capítulo da Constituição que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos. “Ela quer colocar na Constituição brasileira, em seu artigo 5º, dois direitos e garantias individuais e, portanto, os valores fundadores da cidadania, um órgão estranho, completamente equivocado. Não estamos discutindo aqui a descriminalização das drogas. Isso tem que ser discutido sim, aliás a ONU recomenda”, afirmou o parlamentar.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Chico Alencar: PEC é corpo estranho na Constituição
O relator da PEC, deputado Ricardo Salles (PL-SP), acredita que o texto deveria ser ainda mais rigoroso. Através dela, usuários e traficantes seriam iguais. A PEC define que a distinção entre os dois deve ser observada. Segundo Salles, a proposta não será alterada para evitar uma nova análise do Senado e garantir uma votação mais rápida.
“Quem financia o tráfico é o usuário. E aí esses mesmos usuários, os maconheiros, os farejadores, saem e falam ‘sou a favor do meio ambiente, sou a favor disso, sou a favor daquilo’. Quem rouba é criminoso e quem compra também é criminoso. Tem que haver bilateralidade”, acredita Salles.
Segundo o deputado Helder Salomão (PT-ES), assim que a nova norma for promulgada, o tema será objeto de mais discussão na Justiça. “Quando consideramos e votamos questões flagrantemente inconstitucionais, estamos convocando o STF para decidir. Se essa PEC for aprovada teremos uma nova judicialização”, argumentou.
Para a deputada Julia Zanatta (PL-SC), os adversários da proposta estão exagerando. “Nunca vi um drogado, um usuário, preso. O que acontece é que eles vão a audiência, fazem transação penal, prestam serviço comunitário, mas não são presos, você está exagerando. Quero que me traga um drogado que foi preso. Não existe. Está claro na PEC: ‘observa-se a distinção entre traficante e usuário’”, disse ela.
Reportagem – Paula Moraes
Montagem – Roberto Seabra
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