Comissão da Câmara deve encaminhar sugestões recebidas em reunião sobre violência policial – Notícias

Comissão da Câmara deve encaminhar sugestões recebidas em reunião sobre violência policial – Notícias


12/11/2024 – 20:22

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Glauber Braga preside audiência desta quarta

O presidente de Comissão de Legislação Participativa da Câmara, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), disse que o colegiado encaminhará as sugestões recebidas de familiares de vítimas de violência policial para combater o problema no Brasil. O assunto foi discutido em audiência pública nesta quarta-feira (11).

“Você [os participantes da audiência] Eles discutem, traçam prioridades e depois conversam comigo e com o governo federal. Aguardamos essa priorização para traçar um calendário de ações”, informou Glauber Braga.

As principais sugestões apresentadas na audiência foram:

  • a utilização de câmeras corporais por todos os agentes de segurança pública – sejam policiais militares, policiais criminais ou policiais rodoviários federais;
  • a revisão da formação policial; e
  • a aprovação do Projeto de Lei 2.999/22, que busca amenizar os impactos da violência policial nas famílias das vítimas.

Histórias
Na audiência, familiares de jovens mortos pela polícia em diversos estados do Brasil contaram sua experiência e compartilharam seu sofrimento.

Haydee Borges, tia de um menino de 18 anos morto em 2022 no Paraná, afirmou que o sobrinho foi executado sem motivo e a polícia alegou legítima defesa. Ela disse ainda que a luta contra o Estado é árdua e exige equilíbrio emocional das pessoas que perderam entes queridos.

Câmeras
Haydee solicitou que todos os agentes de segurança usassem câmeras em seus uniformes. “A câmera também vai proteger o policial, que sai às ruas para proteger a mim e aos outros. Há pelo menos alguns que estão cometendo atrocidades.”

Câmeras também deveriam ser obrigatórias na opinião do deputado Tadeu Veneri (PT-PR). Ele acredita que o Brasil caminha para a barbárie se não forem punidas faltas e métodos absolutamente ilegais.

“O Ministério Público lavou as mãos, encerrou os casos e seguiu com a vida. A grande maioria das pessoas que morrem são pessoas da periferia. Se forem criminosos, deveriam ser condenados e presos, e não mortos”, criticou.

Limites
A diretora do Sistema Único de Segurança Pública, Isabel Seixas de Figueiredo, disse que o governo federal tem limites para atuar em um assunto que também é de responsabilidade dos estados. De qualquer forma, uma portaria do governo federal (648/24) orienta sobre o uso de câmeras corporais.

O governo também está finalizando uma licitação de R$ 102 milhões para nove estados implementarem ou ampliarem programas de câmeras corporais com recursos federais.

Treinamento
Sueidy Pena, mãe de um adolescente de 16 anos morto em 2023 no Pará, pediu uma revisão da formação policial. “No Brasil não existe pena de morte e sempre pergunto quem deu a ordem para matar meu filho”, questionou. “Temos que trabalhar muito para buscar justiça, passamos por muita dificuldade. Uma delas é procurar um advogado porque os advogados têm medo.”

Ana Paula Oliveira, do Rio de Janeiro, perdeu o filho há dez anos e disse que nunca recebeu atendimento psicossocial do Estado. “Fui condenado a viver sem meu filho durante dez anos. Enquanto o policial continua livre, leve e livre, e ainda por cima recebendo salário”, criticou. “As mães perdem a saúde. Eles não conseguem mais trabalhar. Perdem o local de residência porque perdem o emprego e não têm mais dinheiro para pagar o aluguel”, comparou.

Controlar
O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Cezar Britto disse que a atividade policial é fundamental, mas exige controle. Ele sugeriu a criação de um órgão estatal de controle da atividade policial, com representantes principalmente da sociedade. “As vítimas devem ser ouvidas permanentemente neste órgão”, sugeriu o jurista.

Projetos na Câmara
Entre os projetos de lei em análise na Câmara, o PL 2999/22, do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), busca garantir apoio às mães e demais familiares e também coibir e prevenir a violência policial contra crianças, adolescentes e jovens.

O texto venceu urgência e está pronto para análise do Plenário da Câmara, juntamente com outras propostas sobre o tema.

A Câmara também analisa o PL 3295/24, que torna obrigatório o uso de câmeras corporais por integrantes das forças de segurança federais, estaduais, distritais e municipais.

Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Natalia Doederlein



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