22/01/2025 – 13h45
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Daiana Santos: “A equidade deve ser uma prática obrigatória”
A Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados aprovou, em dezembro, projeto de lei que institui o Programa de Incentivo à Diversidade Étnica e Racial (Pider) para empresas que atuam na fabricação e comercialização de cosméticos, produtos para saúde, perfumaria e higiene para a população negra.
A proposta também cria o “Selo Empresa pela Igualdade Étnica e Racial”, destinado a reconhecer e incentivar a adoção de práticas industriais e comerciais comprometidas com a promoção da diversidade étnica e racial.
O texto aprovado foi o substituir da relatora, deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), do Projeto de Lei 1.042/22, da deputada Lídice da Mata (PSB-BA) e do ex-deputado Bira do Pindaré (MA). O relator retirou os incentivos fiscais específicos previstos no projeto original.
A mudança, segundo o deputado, foi necessária para promover uma política pública equilibrada e sustentável, que não dependa exclusivamente de incentivos fiscais para a inclusão da diversidade nos setores empresariais.
“A equidade deve ser uma prática obrigatória”, destacou. “Num contexto onde a sustentabilidade fiscal é fundamental para a manutenção dos serviços essenciais, as políticas de inclusão não devem comprometer o equilíbrio orçamental”, afirmou.
Daiana Santos destacou, por outro lado, que a proposta incentiva as empresas a adotarem práticas que respeitem e valorizem a diversidade étnico-racial brasileira. “Isso é crucial para construir ambientes de trabalho mais inclusivos e promover representação em produtos e campanhas publicitárias.”
Diretrizes
Entre as diretrizes do Pider estão:
- criação de incentivos à pesquisa e inovação tecnológica relacionadas a produtos destinados à população negra;
- implementação de incentivos à participação de micro e pequenas empresas ou inventores independentes em pesquisas relacionadas a tais produtos; e
- criação de campanhas para conscientizar a população sobre a importância da existência de linhas de produtos voltadas à população negra.
Pelo texto, a União poderá subsidiar a remuneração de pesquisadores empregados em atividades de inovação tecnológica em empresas localizadas no Brasil.
Carimbo
O “Selo Empresa pela Igualdade Étnica e Racial” poderá ser concedido por comitê formado por representantes da administração pública e da sociedade civil às empresas que atendam aos seguintes critérios:
- diversificação do portfólio de produtos e serviços para atender às particularidades do perfil étnico-racial brasileiro;
- representação da diversidade étnico-racial da população brasileira em campanhas publicitárias de produtos ou serviços;
- investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias visando atender às demandas de consumo de uma sociedade multiétnica e multirracial, com foco na população negra;
- adoção de ações de desenvolvimento profissional para alcançar a equidade racial no acesso a oportunidades de trabalho e renda; e
- investimento em projetos de inclusão socioeconómica para minorias étnicas.
O selo poderá ser utilizado pela empresa beneficiária para certificação de seus respectivos produtos e serviços e também em materiais publicitários, documentos de comunicação institucional, correspondências físicas e eletrônicas internas e externas e documentos fiscais.
Próximas etapas
A proposta ainda será analisada, em caráter conclusivopelos comitês de Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, o programa planejado precisa ser aprovado por deputados e senadores.
Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Márcia Becker
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