23/09/2024 – 17h07
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania reuniu esta segunda-feira
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados rejeitou nesta segunda-feira (23), por 57 votos a 2, o recurso do deputado Chiquinho Brazão (S.PART.-RJ) (sem partido-RJ) contra o decisão do Conselho Parlamentar de Ética e Decoro que recomenda a perda do seu mandato. Os deputados Dani Cunha (União-RJ) e Waldemar Oliveira (Avante-PE) votaram a favor do recurso.
O processo segue agora para análise no Plenário, onde são necessários votos favoráveis de pelo menos 257 deputados para cassação do mandato. A votação é aberta e nominal.
Brazão é acusado de ser um dos responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, mas nega participação no crime.
No recurso apresentado à CCJ, a defesa de Brazão alegou parcialidade do relator no Conselho de Ética, deputado Jack Rocha (PT-ES), além de violação do contraditório e ampla defesa. A defesa argumentou que as postagens da deputada nas redes sociais sugeriam apoio ao impeachment antes mesmo de ela ser nomeada relatora. Também foi alegado que diversas testemunhas não foram ouvidas e que o fato alegado era anterior à gestão de Brazão na Câmara.
“Das 14 testemunhas indicadas no plano de trabalho, apenas três foram ouvidas, embora, posteriormente, tenham havido substituições e outras tenham sido ouvidas, a verdade é que daquelas primeiras testemunhas identificadas como indispensáveis, 11 resistiram à audição. Isso é, no entendimento da defesa, clara violação ao exercício do direito à ampla defesa e ao processo contraditório”, afirmou o advogado de defesa Murilo de Oliveira.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), titular do Conselho de Ética, refutou as alegações de restrição da defesa, afirmando que foram ouvidas sete testemunhas de defesa, e não três, como alegado.
Arquivo/Câmara dos Deputados
Brazão presta depoimento no Conselho de Ética em agosto
Relator na CCJ, o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) também contestou a defesa e destacou que Brazão teve diversas oportunidades de exercer sua defesa em todas as fases do processo.
“Foram garantidos o direito ao contraditório, à produção de provas, à fundamentação e à indagação de testemunhas e isso reforça a regularidade do procedimento e elimina qualquer alegação de restrição da defesa”, disse Ayres ao ler o parecer .
Para o relator, as manifestações públicas de Jack Rocha estão protegidas pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar e não comprometeram a imparcialidade do julgamento. Concluiu que o processo seguiu os procedimentos do Código de Ética e que a ausência de algumas testemunhas não constitui violação de direitos, porque o painel não tem o poder de obrigar as pessoas a depor.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub
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