19/12/2024 – 21h22
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Isnaldo Bulhões Jr., relator da proposta
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (19) o projeto de lei que restringe o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e limita o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo às regras do quadro fiscal (de 0,6% para 2,5% de crescimento da despesa primária), entre outras medidas. O texto será enviado ao Senado.
De autoria do líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), e outros, o Projeto de Lei 4.614/24 foi aprovado com substituir do relator, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)
Este é um dos projetos do governo para reduzir despesas obrigatórias (pessoal, pensões, benefícios sociais) a fim de manter margem para despesas não obrigatórias (programas governamentais, financiamentos e investimentos).
O texto do relator flexibilizou algumas restrições impostas ao acesso ao BPC. No entanto, ele manteve os reajustes do salário mínimo. Isnaldo Bulhões explicou que o BPC será preservado com responsabilidade, justiça social e segurança jurídica. “Sem essas modificações, o programa entrará em colapso devido ao crescimento não orgânico dos últimos tempos”, disse Bulhões, que é líder do MDB.
O texto prevê a obrigatoriedade da biometria para novos benefícios e atualizações cadastrais pelo menos a cada dois anos. “Para todos os escritórios de advocacia que vivem da criação de mecanismos para contornar o programa, pensado para beneficiar a população mais carente, hoje é um dia muito ruim”, disse Bulhões Jr.
Para a deputada Rosangela Moro (União-SP), o número de beneficiários do BPC aumentou devido a fatores como a longevidade da população, a rapidez da administração pública e até os imigrantes venezuelanos no Brasil. “Não imagino que esse aumento seja culpa das pessoas e das fraudes. A fraude do Bolsa Família não exige perícia como a do INSS para o BPC”, disse.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), o texto aprovado preserva os direitos de quem tem acesso ao BPC, combate fraudes e estabelece regras para acabar com a indústria liminar. “As três medidas encaminhadas pelo governo a esta Câmara são a síntese de quem tem responsabilidade social e fiscal pelo país”, disse.
Autismo e Down
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) alertou que pessoas com deficiência leve podem ficar de fora do BPC, conforme texto aprovado. “Muitas mães atípicas dependem dos recursos do BPC para terapia, cuidadores, tratamento e de repente perderiam qualidade de vida para seus filhos”, disse ele.
Ela lembrou que as pessoas com síndrome de Down não possuem Registro Internacional de Doenças (CID) e precisam do BPC porque não são aceitas pelo mercado formal de trabalho. “Haverá uma leitura que não é biopsicossocial. Para construir o diagnóstico de uma criança autista é multidisciplinar. O CID não impedirá fraudes”, disse ele.
Para o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), a proposta destrói os direitos dos autistas e das pessoas com síndrome de Down. “Eles estão condenando à prisão perpétua a perda do direito de viver com dignidade, de acesso a um estado de bem-estar social”, disse ele.
Bulhões Jr. respondeu aos deputados Sâmia Bomfim e Duarte Jr. que a utilização do CID como critério para concessão do BPC será válida durante o período de regulamentação da lei que trata da avaliação biopsicossocial. Ele afirmou que futuramente fará um esforço para regulamentar a avaliação biopsicossocial para conceder o benefício.
Segundo a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), a avaliação não será feita apenas pelo CID, mas também haverá uma segunda análise, feita por uma assistente social. “Esta Câmara foi quem mais fez, transformou o projeto que recebemos num monstro. Não é justo que não tenhamos consciência de que, no nosso país, muita gente frauda gente muito pobre”.
Segundo a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), o argumento da fraude não pode ser usado para cortar investimentos. “Não é assim que vamos resolver a situação fiscal brasileira”, disse ele.
Para o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), vice-líder da oposição, o governo ataca os mais vulneráveis, contrariando o discurso de campanha. “Esse projeto não vai fazer nenhum ajuste fiscal, nenhum corte de gastos, apenas atacar os mais pobres”, criticou.
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Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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