07/08/2024 – 19:26
• Atualizado em 08/07/2024 – 19h35
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Sessão Plenária desta segunda-feira
A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (8) a Medida Provisória 1.209/24, que concede crédito extraordinário de R$ 1 bilhão para diversos ministérios em ações relacionadas à proteção do povo indígena Yanomami e ao combate ao garimpo ilegal em seu território. A MP será enviada ao Senado.
Segundo o governo, a iniciativa teve como objetivo cumprir a decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso em que ordenou ao Poder Executivo a abertura de crédito extraordinário caso houvesse falta de recursos orçamentários para cumprir uma decisão anterior de socorro a esses indígenas, tudo no âmbito de uma ação por descumprimento de preceito fundamental (ADPF).
Do total de recursos, R$ 309,8 milhões são destinados à participação das Forças Armadas com a utilização do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e R$ 60,18 milhões para a Força Nacional, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Nacional na região. Esse valor soma 37% do total liberado.
Funai
Outros R$ 210 milhões serão destinados ao Ministério dos Povos Indígenas para gerir políticas para os povos indígenas.
Para a Funai, a MP destina R$ 182 milhões para a atividade de regularização fundiária, proteção e gestão de territórios indígenas, além de outros R$ 60 milhões para a atividade de direitos multiétnicos e culturais dos povos indígenas. Esse valor soma 45,2% do total liberado.
Ambiente
O Ministério do Meio Ambiente terá R$ 107,6 milhões (10,76% do total previsto) para ações de fiscalização em terras indígenas e gestão de unidades de conservação em terras indígenas sob responsabilidade do Ibama ou do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Mais ministérios
Outros ministérios também terão dinheiro para ações relacionadas:
- Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar;
- Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome;
- Ministério das Pescas e Aquicultura; Isso é
- Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania
Crise humanitária
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o governo legalizou uma decisão do Supremo e agiu para conter a crise humanitária que o povo Yanomami sofria. “É uma medida provisória que trata da dignidade dessas pessoas que precisam da proteção do Estado brasileiro”, afirmou.
Segundo ele, o governo Lula enfrenta o abandono e a miséria em que o governo anterior deixou o povo Yanomami.
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), vice-líder da oposição, disse que o governo Lula enviou a MP após a divulgação de um número de mortes indígenas superior ao verificado em 2022. Segundo o Boletim Epidemiológico de Saúde do ministério, houve 363 mortes de indígenas em 2023, 6% a mais que o registrado em 2022.
Argumentação no STF
A publicação da MP atende decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, em Alegação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 709, de 2020). A Advocacia-Geral da União (AGU) emitiu parecer favorável ao cumprimento imediato da decisão.
O argumento foi apresentado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) em agosto de 2020. A entidade solicitou a retirada de não indígenas das tribos Yanomami, Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Kayapó, Arariboia, Mundurucu e Trincheira Terras Indígenas Bacajá.
Em novembro de 2023, o STF confirmou a necessidade de uma resposta do Poder Executivo por meio de ações coordenadas envolvendo diferentes órgãos.
Saiba mais sobre a tramitação das medidas provisórias
Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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