19/12/2024 – 16h00
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Deputados reunidos em plenário esta quarta-feira
A Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, por 344 votos a 154, a proposta de emenda à Constituição (PEC) para corte de gastos, do Poder Executivo, que traz diversas medidas para reduzir os gastos federais obrigatórios, tais como:
- a redução gradual do público-alvo do abono PIS/Pasep;
- a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU); e
- a proibição de vincular receitas a despesas em níveis acima dos limites do quadro fiscal.
Veja como votaram os deputados
O Plenário deverá então analisar o pedido de dispensa do intervalo de cinco sessões para votação no segundo turno da PEC.
A PEC 45/24 faz parte do esforço do governo para controlar o crescimento das despesas obrigatórias (pessoal, programas sociais, por exemplo) de forma a deixar espaço para despesas discricionárias (que o governo pode optar por realizar ou não). Para agilizar sua tramitação, a proposta está sendo analisada em conjunto com a PEC 31/07, sobre tema semelhante.
O texto aprovado é uma emenda apresentada pelo relator, deputado Moisés Rodrigues (União-CE), com o apoio da maioria dos líderes dos partidos com grandes bancadas.
As principais alterações trazidas pela alteração foram nas despesas do Fundeb e nos supersalários.
Acordo
Após acordo com líderes do governo e da oposição anunciado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), os partidos concordaram em aprovar o destaque do PL e retirar do texto a restrição às deduções para comprovar a renda dos interessados no recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O texto rejeitado restringia essas deduções apenas às previstas em lei, tanto nas concessões administrativas como judiciais.
O motivo é que a norma também consta do Projeto de Lei 4.614/24, que será votado a seguir. Na votação do projeto, a oposição se comprometeu a não apresentar pedido de votação em separado da norma.
O outro destaque votado e rejeitado, do Psol, pretendia retirar o redirecionamento de 10% do complemento da União ao Fundeb para ações vinculadas à matrícula em tempo integral. Foram 143 votos contrários ao texto e 349 favoráveis.
Novos registros
Moisés Rodrigues afirmou que as mudanças previstas na PEC do Fundeb vão aumentar as matrículas no ensino de tempo integral. “Se em 2024 tivemos um investimento em novas matrículas de R$ 4 bilhões, aumentaremos quase 40% para R$ 5,5 bilhões e em 2026 teremos um aumento para R$ 10 bilhões”, disse. Segundo o líder do PSB, deputado Gervásio Maia (PB), o relator garantiu recursos para fortalecer a escola em tempo integral.
Para o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), o Brasil precisa de ajustes. “Todos precisamos pensar no que é melhor para a economia. O que está em jogo é o compromisso do Congresso com o país”.
O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) leu nota da bancada de educação do Senado criticando o relatório de Moisés Rodrigues. O documento afirma que a destinação de 4% dos recursos do Fundeb para a educação em tempo integral, a partir de 2026, é “a proposta mais desastrosa de todas”. A justificativa é que os recursos para pagar os professores serão usados para custear emendas.
No entanto, o relator afirmou que a mudança constitucional não obriga o uso do Fundeb para pagar refeições, mas apenas permite que municípios com recursos excedentes os utilizem para esse fim. “O valor hoje por aluno é de R$ 0,36, que não paga nem ovo, e R$ 0,50 para alunos de período integral. Estamos criando a possibilidade para o prefeito, que tem recursos em seu caixa, melhorar a alimentação escolar “, disse ele. Moisés Rodrigues.
O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), vice-líder do governo, afirmou que as propostas de ajuste fiscal do Poder Executivo não serão suficientes para alcançar o equilíbrio fiscal. Segundo ele, o problema hoje é muito maior do que os R$ 72 bilhões previstos no pacote em dois anos. “De dezembro de 2022 até agora tivemos um crescimento da dívida superior a 6% do PIB. Isso é mais da metade do que o Brasil precisou tomar emprestado durante a pandemia, e sem crise”, disse.
Mais informações abaixo
Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Edição – Wilson Silveira
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