17/12/2024 – 20h24
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Hugo Motta, relator do projeto
A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que cria uma política nacional de visitação a parques ambientais, com previsão de fundo privado para financiar a infraestrutura de visitação. O texto será enviado ao Senado.
De autoria do deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), o Projeto de Lei 4870/24 foi aprovado nesta terça-feira (17) com substituir do relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo o relator, a criação de uma política nacional sobre o tema reforça o potencial do Brasil como líder global em turismo ecológico. “Ao promover o ecoturismo, o projeto incentiva a geração de emprego e renda para as comunidades locais e tradicionais, promovendo a inclusão social e impulsionando as economias regionais através da valorização da cultura e do patrimônio natural”, afirmou Hugo Motta.
O autor da proposta, Túlio Gadêlha, afirmou que o projeto respeita o meio ambiente, os povos tradicionais e indígenas ao construir o uso sustentável dos parques nacionais. “Depois da pandemia, o número de visitantes dos parques cresceu muito no Brasil e no mundo. As pessoas buscam conviver com a natureza para aproveitá-la”, afirmou.
Regras de visita
Segundo o texto, as áreas com restrições permanentes à visitação pública aos parques nacionais, estaduais e municipais desta natureza não poderão ultrapassar 30% da área total da unidade de conservação.
Quanto à exploração da visitação, o texto permite que esta seja realizada pelo próprio órgão gestor por meio de execução indireta; pela iniciativa privada, por meio de concessão, permissão ou autorização; por entidades, órgãos e entidades de outras esferas da Federação mediante acordo de cooperação institucional; por organizações sociais com contratos de gestão; e por organizações da sociedade civil em regime de cooperação mútua.
De acordo com o projeto aprovado, as visitas às unidades de conservação devem considerar os impactos à fauna, à flora e aos recursos naturais protegidos, além de estarem sujeitas a medidas mitigadoras adequadas.
Para ajudar neste propósito, a direção da unidade oferecerá aos visitantes material educativo sobre turismo responsável e regras de conduta, especialmente em relação à vida selvagem.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Túlio Gadêlha, autor da proposta
A visitação deve ser classificada, de acordo com o grau de intervenção permitido na área, em três níveis:
- visitação com baixo nível de intervenção, quando realizada em áreas com alto nível de conservação e infraestrutura mínima;
- visitação de médio grau de intervenção, quando desenvolvida em áreas naturais com algum nível de alteração ou atividade antrópica e infraestrutura mínima a moderada; e
- visitação com alto grau de intervenção, quando desenvolvida de forma intensiva em áreas seminaturais a urbanizadas, com infraestrutura desenvolvida.
Entrada gratuita
Para promover o acesso universal às unidades de conservação, a educação ambiental e a integração populacional, os órgãos gestores poderão definir um número pré-definido de taxas de entrada gratuitas e estabelecer taxas de entrada diferenciadas para visitantes de baixa renda e populações locais.
Esta gratuidade deve ser tida em conta na análise da viabilidade económica dos serviços e atividades oferecidos ao público.
Fundo privado
Para realizar as adaptações necessárias ao funcionamento dos serviços vinculados à visitação, o projeto permite que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e os órgãos estaduais e municipais gestores de unidades de conservação contratem um banco oficial, sem necessidade de licitação, para criar e administrar um fundo privado.
Este fundo será suprido por 5% dos valores fixados pelos órgãos ambientais licenciadores de projetos com impacto ambiental significativo, visto que uma das obrigações previstas em lei neste caso é o apoio à manutenção de unidade de conservação na proteção integral. grupo.
Também poderão ser destinados ao fundo doações, rendimentos de aplicações financeiras e valores provenientes de termos de ajustamento de conduta, termos de compromisso e outros tipos de transações judiciais ou extrajudiciais.
Caberá aos gestores das unidades de conservação adotar medidas de adaptação às novas normas, incluindo a reinterpretação dos planos de manejo.
Outros instrumentos para viabilizar os objetivos da política serão a utilização de recursos do fundo para incentivar visitas às unidades de conservação; o Fundo Nacional do Meio Ambiente; o Fundo Nacional para as Alterações Climáticas; o Fundo Amazônia; e o Fundo Geral do Turismo (Novo Fungetur).
Também poderão ser contratados funcionários por tempo determinado e poderão ser realizadas parcerias com órgãos e entidades, públicas e privadas.
Segundo o texto aprovado pela Câmara, o regulamento e o regimento interno do fundo deverão conter regras de governança que garantam transparência, prestação de contas e integridade na gestão dos recursos do fundo, com divulgação de decisões e resultados.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o fundo privado criará condições para receber visitantes nos parques. “Estamos a criar condições para financiar e valorizar os parques e para que eles abracem a sociedade e sejam por ela abraçados”, afirmou.
Motta concordou com a mudança proposta pelo líder do [[g Minoria]]deputada Bia Kicis (PL-DF), para ampliar a gestão do fundo e garantir a participação de estados e municípios. “Isso trará mais transparência e governança ao fundo”, disse o parlamentar.
Para o deputado Ricardo Salles (Novo-SP), o recurso do fundo é dinheiro público por ser uma parcela do licenciamento ambiental. “As vagas no conselho do fundo devem obedecer à origem do recurso público”, afirmou, citando que o licenciamento de órgão estadual implicaria apenas na participação de estados e municípios na gestão do fundo, e não da União.
O coordenador da Frente Parlamentar Mista Ambientalista, deputado Nilto Tatto (PT-SP), destacou que a proposta é uma ferramenta para ajudar na implantação de unidades de conservação. “Queremos que as unidades cumpram o seu papel de ajudar na proteção da sociobiodiversidade e, para isso, precisam de recursos”.
Segundo o relator do projeto, Hugo Motta, casos de sucesso como os parques nacionais da Tijuca (RJ) e Foz do Iguaçu (PR) destacam o potencial do turismo ecológico no Brasil. “A integração entre conservação ambiental e visitação sustentável gerou benefícios significativos, como a captação de recursos para manutenção das áreas e fortalecimento das economias locais”, afirmou.
Motta afirmou ainda que a proposta contribui para a educação ambiental e a conscientização da população sobre a preservação ambiental. “Gadelha procurou propor uma legislação moderna para conciliar a preservação ambiental com o turismo ecológico porque temos muitos potenciais”, disse.
Infraestrutura
O projeto lista diversas instalações que serão consideradas parte da infraestrutura de apoio à visitação em unidades de conservação:
- trilhas, ponte e mirantes;
- centros de visitantes, banheiros, vestiários e abrigos;
- museus;
- roteiros internos para conectividade e contemplação cênica; e
- tirolesas.
Outras áreas e estruturas necessárias são:
- estacionamento de veículos, zona de autocaravanas;
- alojamento, acampamento;
- área de venda de alimentos e conveniência e souvenirs;
- esportes de aventura, esportes aquáticos e recreação aquática;
- aeroesporte não motorizado; e
- subir em árvores.
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Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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