Cadeiradas na política | VEJA

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Ser um estranho na política não é necessariamente ruim. Ele pode ser aquela peça que desafia o sistema e o faz repensar e melhorar. Não é isso que vem acontecendo no Brasil recentemente.

Em primeiro lugar, porque quem se diz “contra o sistema” faz parte dele, da pior forma. São casos de falsos outsiders. Mas houve algo ainda pior do que isso nas últimas eleições no Brasil, especialmente nesta onde atingiu o auge da votação ao vivo de um candidato para outro.

Os debates têm sido utilizados por candidatos que não têm interesse em discutir propostas ou políticas públicas, mas em usar da pior forma as redes sociais. Não serve para se aproximar dos eleitores, mas para tentar fazer um show à parte, para construir mentiras, para gerar cortes que levem à vedação de cargos. Nada disso tem a ver com democracia.

Na verdade, diga-se, parte da democracia, durante as eleições, é o debate e um feroz choque de ideias. É exatamente isso que precisa ser feito nestes momentos, porque uma eleição é sempre uma oportunidade para encontrar soluções para os muitos problemas que afligem o eleitorado.

Mas acertar seu oponente com uma cadeira, mesmo que ele esteja mentindo descaradamente, você não pode. Nunca. A cena de José Luiz Datena acertando Pablo Marçal É a prova de que a crise da democracia brasileira continua. Na verdade, é mais profundo.

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Por outro lado, Pablo Marçal, desde o início desta eleição, tem usado insultos, insultos, mentiras, insultos e calúnias como arsenais para “acontecer”. É mais ou menos como se ele chegasse dizendo “como posso atrapalhar o debate democrático?” Ele mesmo tem respondido… “Eu ofendo, eu minto, eu corto, coloco na rede social” num movimento que pressupõe mentiras através de notícias falsas e manipulação eleitoral.

Marçal usa todos os elementos, inclusive a religião, manipulando o que está nas ideias do eleitor.

José Luiz Datena acrescentou a isso a intemperança e a violência. Se a cadeira o tivesse atingido em cheio, o ex-técnico poderia ter ficado gravemente ferido.

O jornalista chegou às eleições pensando que, por ser um bom comunicador, conseguiria dominar o processo. Acabou sendo dominado por ele – inclusive com essa deterioração do debate político nos últimos anos.

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É difícil até explicar aos mais jovens, com quem se está a construir valores democráticos, cenas como a de Datena e Marçal. Digo isso pelos meus filhos e pelo que tive que fazer nesta segunda-feira, dia 16.

Se um jovem eleitor e um futuro eleitor, como os meus filhos, acharem que isto é normal, a democracia será derrotada.

E a isto se soma outra falha. Há um papel que não está a ser cumprido da forma necessária pelo Justiça Eleitoral.

É preciso ser mais rápido para neutralizar elementos que atrapalham o processo e cometem crimes eleitorais – punidos muito tardiamente. E como as eleições têm prazo, quando a justiça atrasa, ela falha.

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O sistema de justiça eleitoral no Brasil é muito poderoso. Ele é o xerife eleitoral. Portanto, fica determinado que cenas como essa jamais poderão acontecer, sob pena de os candidatos serem colocados fora das urnas. E métodos como o de Marçal também não podem prevalecer.



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