SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem se distanciando de seu braço direito, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social de seu governo, Fabio Wajngarten, alvo de críticas de quem cerca o ex-presidente.
Advogados e aliados políticos próximos de Bolsonaro entrevistados pela reportagem afirmam que houve quebra de confiança por parte de Wajngarten. Dizem que o ex-assessor tem uma agenda própria, nem sempre alinhada aos interesses do ex-presidente. Procurado pela reportagem, Wajngarten não quis comentar.
A fritura ocorre às vésperas de a Polícia Federal concluir o inquérito que investiga se Bolsonaro vendeu joias de alto valor que lhe foram oferecidas por autoridades estrangeiras. O ex-assessor corre o risco de ser indiciado neste caso, no qual nega qualquer participação ilegal.
Muito próximo do ex-presidente, Wajngarten o acompanha frequentemente em viagens. Em maio, por exemplo, o ex-assessor esteve com o vereador Carlos Bolsonaro em visita ao Rio Grande do Sul, em meio às enchentes no estado. Nesta semana, porém, Wajngarten não acompanhou Bolsonaro em visita ao Pará. Os dois, no entanto, continuaram conversando nos últimos dias.
O ex-assessor, apesar de estar envolvido na pré-campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato de Bolsonaro na capital paulista, também não participou do processo que confirmou o indicado do ex-presidente, o coronel da reserva, como vice-presidente . Ricardo Mello Araújo (PL).
Em meados de junho, o ex-Rota foi levado a Nunes por Bolsonaro e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em almoço na prefeitura. Wajngarten, inimigo de Mello Araújo, não esteve presente.
Também há desconfiança entre Tarcísio e o ex-assessor de Bolsonaro. Pessoas que conversam com o governador dizem que Wajngarten fez lobby para ser escolhido secretário de Comunicações da administração estadual, sem sucesso.
Políticos próximos ao governador e ao ex-presidente também dizem que o ex-assessor tem ciúmes de Tarcísio, que trabalha para tensionar a relação de Bolsonaro com o STF (Supremo Tribunal Federal) – pontes que Wajngarten trabalhou para construir.
Alguns aliados de Bolsonaro acreditam que o ex-assessor tem perfil centralizador e que usa sua influência sobre o ex-presidente em benefício próprio. Eles temem que Wajngarten se torne um “homem-bomba” caso seja indiciado pela Polícia Federal.
Espécie de “faz-tudo” do ex-presidente, além de mediar as relações com a imprensa, o ex-assessor passou a atuar como seu porta-voz jurídico em alguns casos.
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