Bolsonaro nega racha na direita e critica Moraes ao lado de aliado alvo de PF e STF

GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhou na manhã deste domingo (27/10) a votação de seu candidato a prefeito de Goiânia, Fred Rodrigues (PL). Na ocasião, ele estava acompanhado do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), alvo de operação de busca e apreensão na última sexta-feira (25).

“Uma precipitação. É só na direita, na esquerda não tem nada. Mas esse tipo de ação não está mais acontecendo. E aconteceu para variar com o mesmo ministro do Supremo. É sempre ele, sempre o mesmo”, disse Bolsonaro, referindo-se a Alexandre de Moraes, ministro do STF que autorizou a ação.

O ex-presidente disse ainda que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) atuou como “partido político” nas eleições de 2022 e nas atuais.

O ex-presidente também negou que tenha havido divisão à direita nas eleições municipais e disse que a máscara de Pablo Marçal (PRTB), que era candidato a prefeito de São Paulo, “caiu”.

“Que cisão? Dizem que Pablo Marçal teria rachado a direita. A máscara já caiu. Não há cisão. A direita, na sua maioria, é gente consciente, sabe o que está em jogo”, afirmou, referindo-se ao candidato derrotado a prefeito de São Paulo.

Ainda falando de Marçal, Bolsonaro deu a entender que o próprio candidato do PRTB induziu erroneamente os apoiadores de Bolsonaro a acreditarem que ele o apoiava. “Eu até disse a ele: ‘Você é um cara inteligente. Use sua inteligência para o bem, só isso.”

Bolsonaro está em Goiânia acompanhando o voto de vários aliados no estado. Ele luta em Goiás contra o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Na cidade, o ex-presidente afirmou desconhecer o ‘caiadismo’ e que Caiado sabe que o resultado em Goiânia é “mortal” para suas aspirações políticas.

“Não conheço o ‘caiadismo’. O bolsonarismo existe em todo o Brasil. Caiado só existe aqui em Goiás”, disse o ex-presidente.

Na disputa entre Bolsonaro e Caiado em Goiânia, o governador tem como candidato o empresário Sandro Mabel (União Brasil) e almeja ser o nome da direita na disputa presidencial de 2026.

“Caiaado é muito o que ele quer. Se você está com o candidato dele, tudo bem. Se não está, a coisa complica. Não vim aqui para ofender o Caiado, muito pelo contrário, eu o respeito. Mas ele sabe que Goiânia é mortal para ele. [Se perder] Ele perde muita força.”

Ao votar ao lado de seu candidato neste domingo, Caiado minimizou a ida de Bolsonaro à cidade para apoiar o candidato adversário. “Vou discutir esse mimimi depois das 18h”, disse sobre o ex-presidente. Ele disse que antes disso vai focar nas eleições.

Bolsonaro fará uma maratona de votações em Goiás, não só na capital, mas em Aparecida de Goiânia e Anápolis. Ele também monitorará o voto de Gayer. A busca da Polícia Federal contra ele foi motivada por suspeita de desvio da cota parlamentar.

Declarado inelegível pelo TSE até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado este ano pela Polícia Federal em investigações sobre joias e falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que investigam os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, incluindo os atentados de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas investigações está no âmbito do inquérito sobre milícias digitais denunciado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) e instaurado em 2021, o que poderia, em tese, resultar na condenação de Bolsonaro em diversas frentes.

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Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro poderá enfrentar pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.