Base de Zema tenta acelerar avanço do PL do Ipsemg na Assembleia

Base de Zema tenta acelerar avanço do PL do Ipsemg na Assembleia



A mudança nas alíquotas de contribuição do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) voltou à pauta da Assembleia Legislativa (ALMG) nesta segunda-feira (1/7) e ficou parada na Comissão de Administração Pública (APU). O Projeto de Lei (PL) do governo do estado eleva o piso e o teto cobrados dos servidores públicos e retira isenções para dependentes. A proposta mantém o debate em clima acalorado entre oposição e deputados do governo.

Após receber parecer favorável com texto substitutivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na última terça-feira (25/6), o PL 2.238/2024 chegou à segunda etapa de tramitação na Assembleia, a APU. A reunião durou quase quatro horas até que o deputado Roberto Andrade (PRD) pediu que o relatório da comissão fosse distribuído separadamente aos membros da comissão e uma nova reunião foi marcada para a tarde desta terça-feira (2/7).

O movimento foi uma estratégia da base governista para acelerar a tramitação do projeto diante das ações obstrutivas da oposição para dificultar o andamento da proposta na Câmara. A distribuição separada impede a possibilidade de pedido de revisão na região e o PL deve ser reavaliado e o parecer votado nesta terça.

A próxima etapa é a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO), última etapa antes do projeto estar pronto para votação em primeiro turno no plenário. Caso o projeto avance conforme planejado pelo governo do estado nos próximos dias, a expectativa é que a primeira avaliação geral dos parlamentares ocorra na próxima semana.

O PL 2.238/2024 aumenta o piso de contribuição de R$ 33,05 para R$ 60 e o teto familiar de R$ 275,15 para R$ 500. O texto também acaba com a isenção para dependentes menores de 21 anos, que passariam a contribuir para o piso.

Filhos de até 38 anos estão incluídos no novo projeto, mas, nesses casos, cada dependente tem peso de R$ 90 no salário do funcionário. Além disso, caso o projeto seja aprovado, será cobrada uma alíquota adicional de 1,2% aos funcionários e beneficiários maiores de 59 anos.

Retirada da agenda

Em entrevista concedida após a APU nesta segunda-feira, a deputada Beatriz Cerqueira (PT) criticou a decisão de distribuir o relatório separado por não tornar públicas as informações contidas no texto. A parlamentar também anunciou que protocolou pedido de suspensão da tramitação do PL 2.238/2024.

“A carta fala de diversas planilhas e estudos atualizados, mas quando fomos ver o que de fato chegou foram os relatórios de imóveis que poderemos estudar para a próxima reunião. Argumentamos até que um parecer separado não deveria ser distribuído para que esta informação pudesse impactar o parecer. Hoje apresentei uma Questão de Ordem ao plenário demonstrando que parte do conteúdo deste projeto de lei já foi derrotado em votação anterior nesta Assembleia. Então, pela constituição e pelo regimento interno da Casa, esse projeto não poderia nem estar avançando na sua tramitação”, disse o deputado.

A questão de ordem interposta por Beatriz Cerqueira recorre ao artigo 71.º da Constituição do Estado e ao artigo 186.º do Regimento Interno da ALMG. Os textos impedem que seja apresentado projeto de lei sobre assunto já apreciado pelos parlamentares no mesmo ano.

Nesse caso específico, o deputado destaca que a questão das mudanças no Ipsemg já chegou ao fim este ano depois que o plenário da Assembleia derrubou veto do governador Romeu Zema (Novo), que garantia que os temporários teriam acesso ao serviço médico do instituto serviços de assistência. A votação ocorreu em abril de 2024 e, a pedido de Cerqueira, impede que o atual projeto tramite na Câmara este ano.

A Questão de Ordem, uma vez protocolada, deverá ser analisada pelo presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB). Cabe ao deputado decidir se rejeita ou aceita e, com isso, interrompe a tramitação do PL 2.238/2024.

Servidores na agenda

As mudanças nas contribuições ao Ipsemg fazem parte de um ataque em três atos do Governo de Minas Gerais na Assembleia Legislativa para rever questões relativas ao serviço público. A primeira durou quase um mês em tramitação na Câmara entre maio e junho e referia-se ao reajuste salarial dos servidores.

O PL 2309/2024 chegou à Assembleia com a proposta de revisão salarial em 3,62%. O projeto não agradou aos servidores, que questionaram o valor que representava cerca de um terço da inflação acumulada de 2022 e 2023 – período em que não houve reajuste para servidores no estado.

Em meio a um processo marcado por protestos de servidores repercutidos por deputados classistas e de oposição, o Governo Zema decidiu aumentar a proposta original para 4,62%, mesmo percentual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023. O pedido em 10,67% para corrigir as perdas dos últimos dois anos não foi conseguido, apesar das reivindicações dentro e fora das sessões plenárias da Assembleia.

O terceiro projeto é o PL 2.239/2024, que trata de alterações na estrutura de contribuição do Instituto de Previdência dos Servidores Militares (IPSM). Integrantes das forças de segurança, um dos setores mais atuantes contra as intervenções do Executivo no funcionalismo público, policiais e bombeiros militares prometem forte oposição ao projeto, que deverá tramitar logo após a proposta ao Ipsemg.

O PL do IPSM prevê aumento de 10,5% para 13,5% na alíquota da contribuição militar para manutenção do instituto previdenciário. A participação do estado no custo seria reduzida de 16% para 1,5% com a aprovação do texto.



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