Aval de Lula a Hugo Motta melou anúncio já pronto…

Tudo estava pronto. Na terça-feira, Elmar Nascimento passou o dia recebendo lideranças em uma ampla sala da residência oficial da presidência da Câmara onde Artur Lira comanda reuniões. O chefe da Câmara, então seu principal apoiador, saiu articulando um consenso em torno do amigo – que acabou implodido pelo acordo de Lula com Marcos Pereira no Palácio do Planalto para o lançamento da candidatura do Hugo Motta.

Elmar pretendia sair diretamente da residência oficial para o que seria um anúncio do apoio de Lira ao seu nome para assumir o comando da Câmara em 2025. Uma lista dos partidos que estariam representados na benção pública chegou a circular entre os deputados. O candidato do União Brasil acreditava que seria ungido diante de câmeras e microfones como sucessor do alagoano às 17h.

Ao saber que Elmar já falava em um momento para a declaração de apoio ao atual presidente da Câmara, outros atores políticos envolvidos na disputa aceleraram seus movimentos por Brasília.

Direta e indiretamente, contra a promessa de não interferência de Lula, o Planalto entrou no jogo. O presidente do PT, Gleisi Hoffmanntentou convencer Gilberto Kassab a retirar a candidatura do líder do PSD, Antonio Britoa favor de uma união em torno de Marcos Pereira, dos Republicanos, que atrairia também o MDB.

À noite, Kassab e Pereira conversaram com o próprio Lula. O chefe do PSD não quis desistir da postulação de Brito. Separadamente, Lula também se encontrou com o próprio Arthur Lira. Diante do impasse, Pereira apresentou então a “solução Hugo Motta”.

Líder dos Republicanos, o deputado paraibano é próximo de Arthur Lira e ainda mais próximo do presidente do PP, Ciro Nogueira. Ele também é popular entre deputados do PSD, MDB e da federação PT/PCdoB/PV.

No frenesi das conversas desta terça-feira, quando a maré virou contra Elmar, Motta ganhou até a simpatia do PL – um dos partidos com quem o candidato do União Brasil contava na entrevista coletiva que acabou não acontecendo. A sigla de JairBolsonaro quer garantir a primeira vice-presidência da Câmara nos próximos dois anos e busca evitar ao máximo uma disputa que possa prejudicar o cargo no Conselho de Administração.

O desenrolar dos acontecimentos causou, claro, certo desconforto entre Elmar e Lira – a quem ele chama de melhor amigo. Mas nada se compara, neste momento, à indignação do líder do União Brasil com o governo Lula e o PT, fiadores do movimento que poderá enterrar a sua ambição de ser presidente da Câmara.