Ato com Bolsonaro no 7/9 terá Malafaia ‘duríssimo’ contra Moraes sob impulso de Musk

Ato com Bolsonaro no 7/9 terá Malafaia ‘duríssimo’ contra Moraes sob impulso de Musk



FOLHAPRESS – O protesto do dia 7 de setembro deste ano promovido pelos bolsonaristas terá como alvo central o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, tratado por eles como um ditador que abusa de seu poder e exerce censura. O evento está marcado para este sábado (09/07), às 14h, na Avenida Paulista.

Nesta sexta-feira (9/6), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em discurso para apoiadores em Juiz de Fora (MG)que a manifestação será realizada para desafiar o que chama de “sistema” e para pedir a saída de Moraes, a quem chamou de ditador.

“Não sou obcecado por poder. Tenho paixão pelo meu Brasil. Quando saí daqui, no dia 30 de dezembro de 2022, algo me aconselhou a agir dessa forma. Senti que algo estava para acontecer. Se eu tivesse ficado aqui, no dia 8 de janeiro teria sido preso e até hoje estava preso. Ou melhor, já estaria morto, porque o sistema não me quer na prisão, quer-me morto”, disse.

O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação, afirma à Folha que será “muito duro” com o ministro e que pedirá seu impeachment. “Será o discurso mais duro e veemente que já fiz até hoje. Será de arregalar os olhos”, diz ele.

A manifestação é alimentada por dois casos recentes envolvendo Moraes. A mais recente foi a decisão de suspender as atividades de Xantigo Twitter, após a empresa não nomear representante legal no país.

Desde então, o dono da plataforma, o empresário Elon Musk, tem endossado postagens sobre o protesto de sábado. Ele escreveu que o magistrado “deveria sofrer impeachment por violar seu juramento de posse“.

Outra situação que estimula a manifestação é a série de reportagens publicadas pela Folha de S.Paulo que revelaram ações atípicas do gabinete de Moraes no STF. Assessores ordenaram, por meio de mensagens e extraoficialmente, a produção de relatórios da Justiça Eleitoral para respaldar as decisões do próprio ministro contra apoiadores de Bolsonaro no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.

“Só o povo pode parar um cara assim. Derrubar um poder ditatorial é um processo de construção com o povo, não acontece da noite para o dia”, diz Malafaia.

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O protesto ainda repercute Eleições municipais de São Paulonum momento em que o público de Bolsonaro abraçou a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) apesar de Bolsonaro ter indicado apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). O próprio ex-presidente não se engajou na campanha emedebista e já acenou para o influenciador.

Para demonstrar alinhamento com Bolsonaro, Nunes afirmou que comparecerá ao evento, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem sido seu principal defensor eleitoral e busca convencer Bolsonaro e seus apoiadores de que o prefeito é preferível a Marçal. Há uma chance de o prefeito ser recebido com vaias.

A presença do influenciador, por sua vez, é incerta. Marcal viajou nesta quinta-feira (9/5) para El Salvador e disse à coluna Mônica Bergamo que iria “encontrar um presidente”. À reportagem, ela disse ao final do dia que foi ao país “gravar um documentário”. Uma nota enviada pela campanha afirma que ele viajou ao país para se reunir com autoridades locais e buscar soluções para combater a criminalidade.

Nas redes sociais, um de seus assessores disse que a equipe deixaria o país na noite de sexta-feira (9/6), mas não ficou claro se retornaria diretamente ao Brasil.

A possível ausência de Marçal tem sido explorada por aliados de Nunes, que veem a viagem internacional como uma desculpa para evitar um embate com Moraes – questão que já causou tensão entre o influenciador e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no mês passado.

Marçal agora expressou preocupação em entrar em uma guerra contra Moraes, afirmando em audiência Folha/UOL, na quarta-feira (9/4), que seu partido é frágil e que “qualquer coisinha pode derrubá-lo”. Há ações em andamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que ameaçam o registro da candidatura do influenciador.

Nunes, por sua vez, também não comprou a briga contra o ministro. Ao ser questionado em entrevista à Folha/UOL, na sexta-feira, sobre ser a favor do impeachment, disse que a questão cabe ao Senado e, ignorando o real motivo da manifestação, disse que o ato “é em defesa do Estado Democrático de Direito”.

Após ser bloqueado pelos próprios eleitores e desistir das críticas a Marçal, Bolsonaro deixou aberto o caminho para que tanto Nunes quanto Marçal participassem do ato. Para evitar que a Justiça Eleitoral aponte a utilização do ato como campanha, os candidatos não terão direito à palavra.

A expectativa é que Tarcísio fale, mas evitando criticar Moraes, como fez no último evento bolsonarista, em fevereiro. O governador, Nunes e Bolsonaro se reunirão pela manhã no Palácio dos Bandeirantes, onde o ex-presidente estará hospedado desde sexta-feira, para discutir detalhes de sua participação na campanha emedebista – a ideia é agendar gravações de propaganda e compromissos públicos.

É até provável que os três cheguem juntos à Avenida Paulista, o que poderá evitar vaias de Nunes. O emedebista desagrada grande parte dos eleitores do ex-presidente que não o reconhecem como um político de direita.

Segundo Malafaiaalém de Bolsonaro, também deverá falar sua esposa, Michelle Bolsonaro. Segundo ele, os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL), Nikolas Ferreira (PL), Gustavo Gayer (PL), Julia Zanatta (PL) e Bia Kicis (PL) e o senador Magno Malta (PL) deveriam pedir o impeachment de Moraes.

O tom de Bolsonaro nesta sexta se intensificou em relação ao adotado por ele no vídeo de convocação do evento, em que falava em defender a democracia e a liberdade – mesma linha que adotou no protesto anterior, em que Malafaia atacou Moraes.

Em fevereiro, encurralado diante das investigações sobre uma trama golpista, o ex-presidente usou sua conhecida agressão ao Supremo e afirmou buscar a pacificação do país.

Nesse último protesto na Avenida Paulista, apoiadores foram orientados a não portar faixas e cartazes contra o STF. Desta vez não houve esse pedido, diz Malafaia.

“Infelizmente a Globo apresentou uma narrativa de ato antidemocrático. Então pensamos: ‘não vamos ceder a essa narrativa’”, diz. “Agora não. Como nós, que defendemos a liberdade do povo, [podemos dizer] ‘Ah, não precisa de cinto’? É problema de todos, cada um segue o caminho que quiser”.



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