Atentado contra Trump: o fato, as narrativas e as consequências

Donald Trump foi alvo de um ataque durante um comício nos EUA. Oito tiros foram disparados; o ex-presidente ficou levemente ferido; um espectador morreu, outros dois ficaram feridos. O atirador, um homem de 20 anos de Bethel Park, Pensilvânia, chamado Thomas Matthew Crooks, foi morto pelo Serviço Secreto.

Esse é o fato. As narrativas começaram muito antes de ele se tornar público.

A esquerda declarou imediatamente que o ataque era falso e chamou-o de “fakeada”, palavra que costumam usar para descrever o esfaqueamento que fez com que Jair Bolsonaro fosse submetido a nada menos que quatro cirurgias.

A direita foi mais vocal. “O método é o mesmo: primeiro eles cancelam; então eles tentam colocar você na cadeia; se ambos falharem, eles tentam matar você. Ser contra o sistema é o ato mais corajoso que existe. Por que tentam eliminá-los a qualquer custo? Porque inspiram esperança nas multidões. Essas pessoas são barreiras contra o mal”, elogiou o deputado Nikolas Ferreira.

Eventualmente existem conspirações, mas as teorias da conspiração são invariavelmente absurdas. É o desconforto das pessoas que lutam contra a dúvida ou que precisam de drama em suas vidas que faz com que teorias desse tipo recebam credibilidade.

A ideia de que o grupo de Biden tentaria matar Trump é um disparate, primeiro porque não estão tão desesperados, segundo porque a probabilidade de serem apanhados é de 100%. A ideia de que o grupo de Trump iria fingir um ataque é absurda, primeiro porque Trump está à frente e a campanha de Biden está em crise, e segundo porque a probabilidade de serem apanhados é de 100%.

Muito provavelmente, Trump – o 11º presidente americano a ser alvo de uma tentativa de assassinato – foi vítima de um atirador solitário e um tanto desequilibrado. Um cara igual ao Adélio.

Seja qual for o caso, com ou sem teoria da conspiração, os ataques políticos têm consequências políticas. A solidariedade a Trump já cresceu. Os eleitores que simpatizaram com ele, mas que não ficaram entusiasmados em sair de casa para votar, serão encorajados; Os eleitores indecisos serão convencidos em maior número pelos amigos Trumpistas do que pelos amigos Bidenistas. A campanha democrata, que já estava turbulenta, entrará em desespero, cometendo erros cada vez mais graves.

A facada em Bolsonaro consolidou sua vitória. O ataque de sábado tem tudo para fazer o mesmo com Trump.

^{(Por Ricardo Rangel em 14/07/2024)}