Sem o alarde necessário, ataques cibernéticos e vulnerabilidades no ambiente virtual avançam no país, afetam o sistema federal, geram paralisia de serviço e desviar números milionários cofres públicos, muitos dos quais são mantidos em sigilo.
Nos últimos anos, órgãos como o Ministério da Saúde, o Tribunal Superior Eleitoral, o INSS e a Receita Federal têm sido alvos de criminosos. Em abril, o Siafi, sistema de gestão financeira do governo, foi hackeado por meio do uso irregular de credenciais. O caso está sendo investigado pela Policia Federalmas já há informações de que houve perdas financeiras.
Dados Centro governamental de prevenção, tratamento e resposta a incidentes cibernéticos indicar que o ano de 2023 foi recordista de incidentes e vulnerabilidades no ambiente virtual – foram encontrados 15.132 notificações, como vazamento de dados e utilização de páginas fraudulentas, envolvendo órgãos federais. A pesquisa começou a ser realizada em 2020.
Registros feitos até maio deste ano indicam 6.393 incidentes e vulnerabilidades em sistemas federais – no mesmo período de 2023 foram 6.506 casos -, o que aponta para a tendência de aumento de casos.
interlocutores de Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao qual está vinculado o Centro de Prevenção, reconhecem aumento de tentativas de ataques aos sistemas federais, mas consideram que os dados devem ser vistos com cautela porque mais órgãos de fiscalização passaram a se comunicar com o órgão, o que tende a esclarecer casos que antes não eram notificados.
Alertas emitidos
Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJAo ministro-chefe do GSI, general Marcos Antonio Amaro, defendeu a criação de um órgão específico para monitorar e regular as ações relacionadas à segurança cibernética no país. A medida está em fase de estudos e posteriormente dependerá de aprovação pelo Congresso Nacional.
No caso da invasão de Siafi por exemplo Houve um alerta sobre vazamentos de credenciais desde 2023 que dão acesso aos sistemas governamentais – precisamente o caminho através do qual ocorreu a invasão. O GSI propôs uma série de medidas para mitigar os riscos dos dados já expostos e aumentar a segurança. Porém, no formato atual, não há obrigatoriedade de cumprimento das recomendações.
“Nosso centro apenas faz recomendações, não há obrigação de cumpri-las. Atualmente não possuímos um órgão que regule, fiscalize e controle essas ações relacionadas à segurança cibernética. Por isso defendo a criação de uma agência ou centro nacional de segurança cibernética, que seja capaz de determinar medidas de caráter obrigatório”, afirmou Amaro.
O tamanho do dano
No dia 18, Amaro compareceu ao Senado para prestar esclarecimentos sobre ataques cibernéticos. Aos parlamentares, ele apresentou dados do Fórum Econômico Mundial o que indica que aproximadamente 14% do PIB de todos os países são consumidos por crimes cibernéticos.
No Brasil, usando esta mesma base de referência, isso significaria algo em torno 1,5 trilhão de reais.
“Se as iniciativas relacionadas à criação de um órgão de governança, fiscalização e controle resultarem em uma economia de 10% do que acontece hoje, do que se perde, seriam 150 bilhões de reais. Claro que não é matemática, é uma estimativa, talvez até aproximada, mas o volume de recursos que se perde devido ao cibercrime é, sem dúvida, inimaginável”, afirmou o ministro.
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