04/07/2024 – 17:46
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Comissão de Saúde debateu prevenção da cegueira
Pacientes com problemas de visão reclamaram do atendimento oftalmológico no Sistema Único de Saúde (SUS) em audiência pública na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados.
Segundo a representante da Retina Brasil, Ângela Sousa, o tempo para conseguir atendimento com oftalmologista no SUS é de pelo menos dois anos. A coordenadora da Coalizão de Vozes em Defesa do Diabetes e da Obesidade, Vanessa Pirollo, afirmou que, em algumas cidades paulistas, há, em média, 18 mil pessoas na fila para uma consulta oftalmológica.
Diante dessa situação, o ativista sugeriu um projeto de lei com tempos máximos de espera para atendimento oftalmológico no SUS. “Elaboramos um projeto de lei para que o prazo de acesso ao oftalmologista não ultrapassasse 60 dias, que o prazo de acesso aos exames necessários ao diagnóstico da retinopatia diabética não ultrapassasse 30 dias e que o tratamento estivesse disponível em 30 dias.”
Segundo Vanessa Pirollo, cerca de 150 mil brasileiros desenvolvem retinopatia diabética por ano. Se esta condição não for tratada, leva à cegueira. Segundo o especialista, o país gasta anualmente R$ 43 bilhões com medicamentos e tratamentos para complicações da retinopatia. Ela destacou que, quando uma pessoa perde a visão, solicita aposentadoria antecipada, precisará de um cuidador, e tudo isso sobrecarregará ainda mais os cofres públicos.
Por isso, os participantes insistiram na importância do diagnóstico precoce e da prevenção e exigiram a contratação de mais oftalmologistas para o SUS.
Diagnóstico
Autora do pedido de realização do debate, a deputada Fernanda Pessoa (União-CE) afirmou que 70% dos casos de cegueira poderiam ter sido evitados com um diagnóstico preciso. “Daí vem a questão da acessibilidade nas calçadas, nos ônibus, na própria casa, no emprego, na dificuldade de remuneração que uma pessoa acometida pela cegueira apresenta. Ou seja, o simples acesso às políticas públicas de saúde ocular apresentaria melhorias em tantas outras situações .
Na opinião da diretora do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Wilma Lellis Barbosa, para realizar o diagnóstico precoce dos problemas oftalmológicos é fundamental o trabalho integrado dos diferentes especialistas do SUS. Segundo ela, um médico que atende um paciente com diabetes, por exemplo, sempre precisa solicitar uma avaliação de fundo de olho por um oftalmologista. Dessa forma, seria possível detectar precocemente os problemas e reajustar o tratamento.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Emilio Suzuki recomenda exames para quem tem fatores de risco
Glaucoma
Além da retinopatia, outras doenças podem causar cegueira, como catarata e glaucoma, e até problemas comuns, como miopia e hipermetropia não tratadas.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma, Emilio Suzuki, o glaucoma representa a principal causa de cegueira irreversível no mundo. No Brasil, a estimativa é que 2 milhões de pessoas vivam com a doença.
Por se tratar de uma patologia silenciosa, sem sintomas aparentes, o glaucoma só pode ser detectado através de exames de imagem específicos do fundo do olho. Todos eles são oferecidos pelo SUS.
Emilio Suzuki recomenda os exames especialmente para quem tem fator de risco. “Pacientes com mais de 40 anos, negros, diabéticos, míopes, principalmente acima de 5 graus, e pacientes que já possuem histórico de aumento da pressão ocular. Problemas circulatórios também são importantes e o histórico familiar também é importante.”
Embora não haja cura, o glaucoma pode ser tratado de diversas maneiras. O mais simples, e quase sempre eficaz, consiste no uso de colírios. Emilio Suzuki acrescentou que existe tratamento e cirurgia a laser, destinados a casos mais graves ou mais resistentes às abordagens convencionais.
Reportagem -Maria Neves
Edição – Georgia Moraes
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