Antes do X, WhatsApp enfrentou bloqueios no Brasil; veja as diferenças

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – OX (antigo Twitter) é o novo integrante de uma lista de aplicativos e sites populares alvo de pedidos de bloqueio no Brasil. A diferença é que agora a ordem veio de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Se nos anos 2000 o Orkut do Google foi ameaçado diversas vezes de ser retirado do ar por não cooperar com investigações sobre pornografia infantil, na década seguinte o alvo preferencial da Justiça foi o WhatsApp. Entre 2015 e 2016, o aplicativo de mensagens foi retirado do ar diversas vezes pela Justiça por não divulgar dados para investigações criminais.

No episódio que ganhou mais notoriedade, um juiz da cidade de Lagarto, no interior de Sergipe, impediu o acesso ao aplicativo no país para pressionar a empresa a divulgar informações para investigações sobre uma quadrilha de tráfico de drogas na região.

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O mesmo magistrado, em 2016, determinou a prisão do então vice-presidente do Facebook para a América Latina pelo mesmo motivo: a falta de colaboração com as investigações do tráfico de drogas na cidade.

Juízes de São Bernardo do Campo (SP), Duque de Caxias (RJ) e Teresina também ordenaram o bloqueio do WhatsApp no ​​Brasil – em todos os casos, os juízes tentaram obrigar a empresa a fornecer dados para investigações e tomaram a decisão de bloqueio após outras medidas mais leves, como a fixação de multas.

“Nada diferente, mesmo raciocínio”, afirma o advogado Renato Opice Blum, especialista em crimes digitais, sobre a diferença entre a lógica de Alexandre de Moraes e a de seus colegas de tribunais e tribunais. Como a plataforma de Elon Musk não cumpriu as determinações anteriores, foi tomada a decisão de bloqueá-la, afirma.

João Victor Archegas, coordenador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, vê diferença de escala. “Pela primeira vez, estamos falando de uma plataforma bloqueada por uma questão verdadeiramente nacional e até internacional em proporção”, afirma.

Moraes ordenou a retirada do ar da rede social depois que a empresa de Elon Musk não conseguiu nomear um representante legal no Brasil em 24 horas.

A embaixada dos Estados Unidos em Brasília afirmou, nesta sexta-feira (30), que está monitorando a situação entre o STF e o X e que a liberdade de expressão é um pilar fundamental para uma democracia saudável.

Para a Archegas, agora há outra diferença importante: o possível tempo de bloqueio do site. O próprio Moraes já ameaçou suspender o funcionamento do Telegram no país, e os bloqueios anteriores do WhatsApp duravam geralmente algumas horas ou cerca de um dia. Agora, para o advogado, pode ser diferente.

“A OX não demonstra qualquer mudança de postura no sentido de cumprir as ordens da Justiça brasileira ou indicar representante legal no país, pelo contrário”, afirma o advogado. “Não vejo uma reversão tão cedo.”