11/06/2024 – 13h43
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Debatedores defenderam a aprovação da proposta do Senado
Representantes do governo federal defenderam nesta terça-feira (11), durante audiência pública na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, a renovação de cotas étnico-raciais em concursos públicos e processos seletivos.
O debate, proposto pela deputada Carol Dartora (PT-PR), avaliou alternativas para Lei de Cotas de Serviço Público, que expirou esta semana. Durante dez anos, a lei reservou 20% das vagas em concursos federais para pretos e pardos.
O governo apoia a aprovação do Projeto de Lei 1958/21 do Senado, informou à Câmara a diretora de Ações Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Layla de Carvalho. Segundo ela, esse texto avança em relação às políticas afirmativas.
A proposta do Senado, enviada à Câmara nesta segunda-feira (10), renova as cotas para pretos e pardos, inclui indígenas e quilombolas e aumenta a reserva de vagas em concursos públicos e processos seletivos federais de 20% para 30%.
Outros pontos do texto estabelecem a padronização nacional do procedimento de confirmação complementar à autodeclaração de pretos e pardos, com reavaliação a cada dois anos. Haverá regras semelhantes para indígenas e quilombolas.
O governo admite alterações na versão do Senado. “O Congresso tem papel fundamental na elaboração e aprovação do texto, para garantir tanto a velocidade de renovação de cotas quanto de melhorias”, disse Layla de Carvalho.
“O projeto do Senado é maravilhoso, refinado”, disse a deputada Carol Dartora. “Essa política afirmativa não merece ficar numa posição fraca porque alguns parlamentares ainda questionam a existência de cotas raciais”, disse o deputado.
Medida insuficiente
Segundo estudos do Ministério de Gestão e Inovação nos Serviços Públicos e da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), embora positivos, a reserva de 20% seria insuficiente na busca pela igualdade racial na administração pública.
A Enap estima, com base em concursos desde 2015, que cerca de 14 mil pessoas deixaram de ser beneficiadas pelas cotas devido à má aplicação da lei. Nesse cenário, somente a partir de 2039 os servidores pretos e marrons representariam 50% do total.
Em abril deste ano, cerca de 399 mil servidores do Executivo federal (ou 33% do total) se autodeclararam negros ou pardos, segundo o Painel Estatístico de Pessoal. Em abril de 2014, esses grupos somavam pouco mais de 343 mil pessoas (28%).
A audiência pública desta terça contou com a presença da diretora de Abastecimento e Movimentação de Pessoal do Ministério da Gestão, Maria Aparecida Ferreira; o coordenador geral de Ciência de Dados da Diretoria de Estudos Avançados da Enap, Pedro Souza; o presidente dos Conselhos da Oxfam Brasil e do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), Hélio Santos; a advogada da Universidade Federal do Paraná, Dora Lúcia Bertúlio; e o secretário nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs das Chagas.
Relatório – Ralph Machado
Edição – Rachel Librelon
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