13/11/2024 – 19h38
Isabella Matosinhos: o futebol pode funcionar como catalisador da violência
Em debate sobre proposta que prevê a realização de campanhas de conscientização sobre a violência contra a mulher nos estádios (PL 4842/23, do Senado), a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Isabella Matosinhos relatou que, em dias de jogos de futebol, as mulheres praticam atividades físicas os ataques às mulheres aumentam quase 21%. A mesma pesquisa realizada pelo fórum mostrou que as ameaças nessas ocasiões também aumentam quase 24%.
Na audiência pública da Comissão Mista Permanente de Combate à Violência contra as Mulheres, Isabella Matosinhos destacou que os homens representam 90% dos crimes letais contra as mulheres. Das agressões cometidas em dias de jogos de futebol, conforme mostram pesquisas, 80% das ameaças e 78% das lesões corporais são cometidas pelo companheiro ou ex-parceiro da vítima.
A investigadora sublinhou, no entanto, que estes números não significam que o futebol seja a causa da violência contra as mulheres, mesmo neste contexto em dias de jogos. A violência baseada no género é um fenómeno complexo, com causas complexas, afirmou a especialista.
“As causas estão relacionadas com valores do patriarcado, da dominação masculina, enfim, da desigualdade de poder entre os géneros que existe na nossa sociedade”, afirmou. “O futebol pode funcionar como um catalisador: torna certos valores de masculinidade relacionada com o uso da violência e a forma como alguns homens se veem dentro desta estrutura de poder de género, consideram-se como tendo mais poder do que as mulheres e usam esse poder para serem violentos.”
Campanhas
A diretora executiva do Instituto Avon, Daniela Grelin, destacou que o futebol representa uma grande paixão nacional. Segundo o executivo, 81% dos brasileiros disseram ter muito interesse por futebol, e 40% se declararam superfãs do esporte. A Avon foi parceira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública na pesquisa.
Diante desses números, Daniela Grelin defende que o futebol, por ser uma ótima plataforma de relacionamento e comunicação, também pode servir como espaço de educação cívica. Portanto, na opinião do representante da Avon, a realização de campanhas de conscientização nos estádios pode representar uma forma importante de educar os torcedores e contribuir para a mudança da cultura da violência.
Segundo a coordenadora-geral de Cultura do Ministério da Mulher, Lucimara Rosana Cardozo, o ministério já realiza um trabalho contra a violência de gênero nos estádios, a campanha Feminicídio Zero. Segundo ele, dez times brasileiros da Série A já aderiram à campanha.
Waldemir Barreto/Agência Senado
A coordenadora geral de Cultura do Ministério da Mulher, Lucimara Rosana Cardozo
Nos dias de grandes jogos, os jogadores entram nos estádios com faixas. Também são exibidos vídeos sobre o combate à violência contra a mulher e a Divulgação do Disque-Disque 180 em painéis de arena.
Além de realizar campanhas, Lucimara Cardozo destacou a importância da criação de espaços de acolhimento para vítimas de agressões nos estádios.
“Precisamos dizer às mulheres que estão nos estádios que elas têm a segurança de que, nestes espaços, existe uma esquadra ou uma sala de recepção e recepção. Infelizmente nem todos os clubes, nem todos os estádios têm esse espaço, mas hoje a grande maioria tem delegacia ou sala de recepção”, afirmou.
O projeto do Senado, debatido na audiência pública, prevê a realização de campanhas de conscientização sobre a violência contra a mulher em eventos esportivos com mais de 10 mil participantes.
Recortes
A investigadora Isabella Matosinhos destacou ainda que, para combater a violência de género, é necessário ter em conta factores como raça e classe. Ela lembrou que quase 70% das vítimas de crimes violentos em 2023 eram mulheres negras, a maioria delas pobres.
Relatório – Maria Neves
Edição – Ana Chalub
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