13/11/2024 – 13h18
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Chris Tonietto apresentou parecer favorável à aprovação da proposta
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados adiou nesta quarta-feira (13) a votação da proposta de emenda à Constituição que garante a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção (PEC 164/12). Vários deputados pediram para ver a proposta, o que acabou adiando a votação.
A Constituição já garante a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, mas não há definição do momento em que esse direito entra em vigor.
Apresentada pelos ex-deputados Eduardo Cunha (RJ) e João Campos (GO) em 2012, a PEC visa determinar que esse direito se aplique desde a concepção do feto, e não desde o nascimento do bebê.
Na prática, a proposta proíbe o aborto no Brasil em situações atualmente autorizadas por lei. Atualmente, o aborto é permitido em três casos no país: risco de morte da gestante, gravidez decorrente de estupro e anencefalia fetal (malformação cerebral).
Opinião
O relator, deputado Chris Tonietto (PL-RJ), leu seu parecer por admissibilidade da proposta, antes do adiamento da votação. “Não há incompatibilidades entre a alteração proposta e os demais princípios e normas fundamentais que sustentam a atual Constituição e o nosso ordenamento jurídico”, afirmou o relator.
O colegiado avalia apenas se a proposta está de acordo com a Constituição e as leis brasileiras. Os méritos da mudança serão discutidos posteriormente por um comissão especial.
Discussão
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que todas as pesquisas de opinião mostram que os brasileiros apoiam as possibilidades do aborto legal. “Estabelecer a vida desde a concepção evita o aborto legal, mesmo nos casos em que a vida da mãe está em risco, e evita a interrupção por violência sexual”, alertou.
“Eu entendo que tem alguns aqui que acham que uma criança pode ser mãe e um estuprador pode ser pai, estou fora disso. Criança não é mãe. Não podemos permitir que o Parlamento brasileiro, às vésperas do G20, vote uma bobagem dessas”, criticou Jandira.
Opondo-se ao aborto mesmo em casos de estupro e de feto anencéfalo, o deputado Chris Tonietto sustentou que a aprovação da PEC não impediria o procedimento nos casos em que a vida da mãe corre risco.
“Estão falando aqui do risco de vida da mãe. Na verdade, isso não seria atacado, afetado, por uma razão muito simples: o real risco de vida, o estado de necessidade, é uma exclusão da ilegalidade”, esclareceu.
Fertilização in vitro
A deputada Erika Kokay (PT-DF) argumentou que medida, se aprovada, impedirá a fertilização in vitrojá que, para a realização do procedimento, muitos embriões são descartados no processo. “A PEC proíbe descartar o óvulo fecundado, dizendo que é necessário preservar a vida desde a concepção”.
Erika também alertou que a mudança também pode prejudicar pesquisa com células-tronco. “Por que [as células tronco] também são embrionários”, explicou.
A deputada Dani Cunha (União-RJ), filha do deputado Eduardo Cunha, rebateu a colega parlamentar e disse que a PEC não vai impedir a fecundação in vitro nem congelamento de óvulos.
Segundo ela, a proposta definirá que a vida começa após a concepção, que pode ser realizada por meio de métodos científicos ou ser concebida naturalmente. “Uma vez implementado e bem-sucedido um método científico, o feto se torna a concepção cuja vida é válida.”
Dani disse que, independentemente de a PEC ter sido apresentada pelo pai, ela sempre foi a favor da medida. “Sempre fui e sou pró-vida e parabenizo a iniciativa de implementar uma PEC tão importante”, completou.
Relatório – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein
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