Em qualquer governo, há uma luta interna pelo poder. No terceiro mandato de Lulaa principal queda de braço ocorre entre o Ministro das Finanças, Fernando Haddade o chefe da Casa Civil, Rui Costaque diferem, entre outras questões, na dimensão do ajustamento fiscal. Correndo à margem para se tornar um candidato alternativo viável à presidência quando Lula não concorrer mais, Rui Costa tem contado com o apoio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em muitas de suas disputas com Haddad.
Em uma entrevista recente às Páginas Amarelas do OLHARAlexandre Silveira, ao ser questionado sobre o projeto de expansão do auxílio ao gás, cuja versão final enfrentou resistência do Tesouro, declarou: “O Brasil tem presidente da República, o Brasil tem quem decide, e o nome dele é Lula“. E acrescentou depois: “Para o mercado dizer que é o Ministro das Finanças quem tem que decidir a política económica do país, lamento, está errado”.
Embora se saiba que a palavra final sempre pertence a Lula, a declaração de Silveira foi interpretada pelos aliados de Haddad como um ataque gratuito, uma tentativa de desgastá-lo.
Ação e reação
Favorito do PT para substituir Lula como candidato do partido ao Planalto, Haddad não costuma se envolver em confrontos políticos com colegas ou membros do governo em público. O ministro gosta de dizer que respeita e acolhe divergências no debate de propostas, mas sua estratégia nunca é debater para baixo —e Silveira não está exatamente acima de sua linha de corte.
Em entrevista à Globonews, ao ser questionado sobre o projeto que impulsiona o auxílio gás, Haddad respondeu que o texto deve ser modificado para atender algumas reivindicações da equipe econômica, contrariando a regra que, ao tratar do financiamento da iniciativa, previa transferência direta de recursos vinculados ao pré-sal para a Caixa Econômica Federal, sem que a despesa fosse contabilizada no Orçamento. Esse desenho, segundo especialistas, visa contornar as regras do arcabouço tributário.
“Falei com o Lula e ele nos autorizou a falar com a Casa Civil para não excepcionalizar o investimento do auxílio ao gás em 2025. Vamos sentar com a Casa Civil, há espaço para a gente rever o procedimento”, disse Haddad. A declaração deixa claro que o diálogo do ministro é com o presidente. Um diálogo que até agora funcionou como uma tela contra o fogo amigo. Foi a partir de uma conversa com Lula que Haddad conseguiu, por exemplo, reverter a decisão da Petrobras — tomada por influência de Rui Costa e Alexandre Silveira — de não pagar dividendos extras aos acionistas.
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