A nova estratégia de Bolsonaro é escancarada

Autor do livro “Brasil dobrou para a direita”, publicado em 2018 na esteira da vitória do Brasil JairBolsonarocientista político Jairo Nicolau considera que as eleições autárquicas de 2024 revelaram a nova estratégia política do líder da extrema direita.

Mesmo com as derrotas em sua cidade natal, o Rio de Janeiro, e em São Paulo, onde se comportou como um bobo de aeroporto, o ex-presidente segue outra forma de fazer política ao formar aliança com Valdemar Costa Neto.

“O que estou chamando a atenção é que agora temos uma força política de direita com um líder popular. Todo mundo falava que Bolsonaro era um líder populista sem partido político, mas agora Bolsonaro é um líder populista popular, como quiser chamar, e tem um partido cada vez mais organizado”, disse à coluna.

Jair Nicolau afirmou isso ao analisar os números do PTo décimo partido que acolheu o ex-presidente, depois de sua interminável lista de infidelidades partidárias. “O PL foi muito organizado para essa eleição, lançou candidatos concorridos em muitas cidades. Você pode ver uma onda azul, azul escura, para distingui-la da onda de PSDB“, disse ele.

O PL foi o partido mais votado em 2024 – foram 15,7 milhões de eleitores. O partido deu um salto de 236%, ante os 4,7 milhões de votos recebidos em 2020. O PL não foi o campeão da eleição, papel desempenhado pelo PSD, mas saltou de 349 para 509, um aumento de 50%, também. em comparação com quatro anos atrás.

“Quando eu falei que o Brasil virou à direita, o Brasil virou à direita, principalmente nesses centros urbanos que também deram vitórias aos candidatos a deputado naquela época do PSL [antigo partido de Bolsonaro]. Ele nunca investiu na construção do partido. Bolsonaro sempre foi um político muito solto, muito individualista, por isso mudou muito de partido. Mas há dois anos decidiu investir na organização do PL”, lembra Jair Nicolau.

O cientista político já traça um efeito colateral desse crescimento do PL. “Vamos lembrar que a maior bancada da Câmara é do PL. Eles têm a maior fatia do fundo partidário, tinham a maior parte do fundo eleitoral. E deverão vir com muita força para 2026 no Congresso porque o partido se torna, ainda mais, um pólo de atração”, afirma.

Embora os partidos centristas tenham saído na frente nas eleições deste ano, com PSD, PP, MDB e União Brasil, a direita, mesmo atrás, tem motivos para comemorar, assim como Jair Bolsonaro que, cada vez mais, organiza o movimento político que leva seu nome no Brasil.