As negociações em torno da falência da Laginha Agroindustrial estagnaram. E as coisas podem dar errado.
O ministro Nunes Marquesde Supremo Tribunal Federalsuspendeu a assembleia geral de credores, que estava marcada para esta quarta-feira, 30, e poderá aprovar planos de liquidação de créditos e acordo de transação para liquidação de dívidas tributárias com o Unidade.
O Tesouro Nacional havia apresentado proposta para descontar a dívida e encerrar o processo.
Também nesta quarta-feira, 30, após a liminar de Kassio, a Fazenda Nacional alertou o administrador judicial da massa falida que não poderá garantir o desconto de 62,1% caso a proposta não seja aceita até 13 de novembro.
Nunes Marques suspendeu a assembleia, atendendo a pedido de uma das herdeiras, Lourdinha Lyra, que representa o espólio do ex-senador João Lyra, fundador do conglomerado alagoano.
Numa petição enviada ao final da tarde à comissão de juízes responsável pelo andamento do processo de falência de Laginha, o coordenador nacional de Falências e Recuperação Judicial da Procuradoria-Geral da República, Filipe Aguiar de Barros, destacou que a Lei de Falências garante ao administrador judicial competência para pactuar obrigações e direitos da massa falida, desde que autorizado pelo juízo falimentar. “O desconto oferecido pela PGFN foi calculado com base na capacidade de pagamento da massa falida, que está sujeita a alterações ao longo do tempo. Além disso, não houve objeção dos credores à proposta, o que justificaria ainda mais a necessidade de a Assembleia deliberar sobre o tema”, destacou.
A decisão do ministro Nunes Marques frustrou 7,4 mil credores que aguardam há 16 anos o encerramento do processo de falência mais longo do país. Os acordos que estavam sendo construídos garantiam que todos os credores com dívidas de até R$ 211,8 mil receberiam o valor integral. Se o Tesouro Nacional negociar com a massa falida por outros meios, os credores menores perdem essa garantia e voltam à espera. Por isso, nos bastidores, o pedido de Lourdinha, que não contou com o apoio dos demais herdeiros a favor do acordo, foi considerado um tiro no pé.
Os desembargadores da comissão devem avaliar nesta semana o pedido da Procuradoria para que o administrador seja autorizado a assinar o acordo de transação que pode representar a entrada de R$ 856 milhões nos cofres da União.
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