Aliados históricos do presidente Lula, os chefes do MDB decidiram deixar a barba de molho. À espera de costuras políticas que os tornem viáveis para novos mandatos nas eleições de 2026, a maioria considera arriscado apostar agora que o petista necessariamente concorrerá à reeleição na próxima disputa presidencial.
Ao preço de hoje, quem está ao redor de Lula afirma que ele é, sim, candidato a um quarto mandato, mas os senadores emedebistas alimentam a suspeita de que o presidente poderá encerrar de uma vez por todas sua participação nas eleições se pelo menos um dos três fatores estiver presente no o ano eleitoral: se a saúde do petista está frágil, se sua popularidade não é das melhores ou se há possibilidade real de derrota.
O temor dos emedebistas que historicamente apoiam Lula é que, sem a candidatura do presidente, eles próprios corram o risco de perder seus cargos para políticos das novas gerações ou mais alinhados ao perfil conservador que saiu das urnas na disputa deste ano. “É melhor construir uma vida fora do Lula, porque se ele não for candidato morremos”, resumiu um deles.
Por trás do diagnóstico, há também a convicção de que, mesmo que o presidente eventualmente tomasse a decisão de não concorrer mais, torná-lo público desencadearia uma guerra campal entre pretensos sucessores, inclusive dentro do próprio PT, e praticamente selaria o fim . do governo.
Os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Rui Costa, da Casa Civil, além da presidente do partido Gleisi Hoffmann, por exemplo, incentivam a possibilidade de um dia chegar ao Palácio do Planalto, mas também partidos que hoje fazem parte do Lulista primeiro escalão, como os Republicanos, União Brasil e MDB, fazem a própria costura para se viabilizarem com candidaturas próprias ou, principalmente no caso dos emedebistas, como interlocutores privilegiados de olho na vice-posição a chapa encabeçada pelo PT.
A avaliação dos emedebistas históricos vem na esteira do anúncio do ex-presidente Jair Bolsonaro de que, apesar de inelegível por ordem da Justiça Eleitoral, insistirá em se apresentar como candidato, conforme revelado em entrevista exclusiva com VEJA no início do mês.
Também tende a ser influenciado pelo risco de o cenário político brasileiro ser afetado pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Os bolsonaristas contam com o peso político do republicano para pressionar tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto o Congresso Nacional a aprovar uma anistia ao capitão, o que o colocaria novamente na disputa pelo Palácio do Planalto.
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