Guerra na Ucrânia está se tornando mais mortal, afirma chefe de Direitos Humanos

À medida que se aproxima a marca dos 1.000 dias desde o início do ataque armado em grande escala da Rússia à Ucrânia, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos disse que o período foi de “violações generalizadas do direito internacional”.

Em comunicado esta terça-feira, Volker Turk afirmou que o conflito é marcado por destruição massiva, mortes e feridos, famílias deslocadas e atormentadas.

Legado de trauma e perda

O responsável pelos direitos humanos declarou que esta crise rapidamente se tornou “um exemplo trágico e flagrante da devastação da guerra sobre as pessoas, o ambiente e um futuro comum”.

Turk acrescentou que o conflito deixou um legado de “trauma e perda” para as gerações futuras.

O alto comissário alertou que Julho de 2024 foi o mês mais mortal para civis na Ucrânia desde Outubro de 2022. Entre Junho e Agosto, o Gabinete dos Direitos Humanos verificou 45% mais vítimas civis do que no período de três meses anterior.

Este aumento deve-se ao ataque coordenado em grande escala da Rússia, em 8 de Julho, a alvos em toda a Ucrânia, aos contínuos ataques com mísseis, drones e bombas aéreas, e aos contínuos ataques das forças armadas russas que procuram capturar mais território ucraniano.

Prevenção da tortura estabelecida ou ineficaz

Turk destacou que, ao mesmo tempo, “violações insidiosas dos direitos humanos e do direito humanitário” continuam a ocorrer em locais de detenção fora do alcance de observadores independentes.

Ele enfatizou que a proibição da tortura sob o direito internacional é absoluta. No entanto, padrões de tortura e maus-tratos generalizados e sistemáticos de prisioneiros de guerra ucranianos, às mãos de captores russos, foram relatados ao Gabinete dos Direitos Humanos.

Estes relatórios tiveram origem em instalações prisionais de diversas regiões do território ocupado e da Rússia.

O alto comissário disse que as salvaguardas mínimas destinadas a ajudar a prevenir a tortura, como permitir que os prisioneiros comuniquem com o mundo exterior, tenham acesso a monitores independentes ou sejam submetidos a exames médicos de rotina, “estão ausentes ou são ineficazes”.

Ataques à geração de energia

Turk também destacou que as forças armadas russas continuaram os ataques sistemáticos à infra-estrutura energética essencial da Ucrânia. Segundo ele, ao longo de três meses foram lançadas pelo menos quatro grandes ondas de ataques, cada vez mais contra este tipo de instalações.

Estes ataques diminuíram significativamente a capacidade energética da Ucrânia. Como resultado, as pessoas já sofreram apagões contínuos durante o verão. A situação poderá deteriorar-se durante invernos rigorosos, quando a procura de energia aumenta.