Brasil à frente do G20 sinaliza aposta nos países lusófonos, diz Portugal

O Brasil escolheu Portugal e Angola para estarem entre os observadores da presidência do país no grupo das maiores economias do mundo, o G20. A liderança rotativa foi recebida da Índia e em dezembro passará para a África do Sul.

Para o ministro das Relações Exteriores de Portugal, Paulo Rangel, a decisão brasileira incentiva a influência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, nas questões globais. Ele falou recentemente à ONU News em Nova York.

Nível de intervenção e discussão multilateral

“O Brasil tem a presidência temporária do G20. O país que ocupa a presidência, o próximo será a África do Sul, tem a possibilidade de convidar outros estados para observar. O Brasil convidou Portugal e convidou Angola. Portanto, isso é um sinal, eu acho, de que temos que ser muito gratos ao Brasil. A CPLP no seu todo, mas em particular Angola e Portugal, porque é um sinal de que quer investir precisamente nos países de língua portuguesa. Está a proporcionar um nível de intervenção e discussão multilateral naquelas que são as potências mundiais mais relevantes.”

No segmento ministerial do Fórum Político de Alto Nível da ONU, que acontece até esta quarta-feira, o Brasil promoveu a Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza no âmbito da presidência do G20.

Poder Global

Paulo Rangel participou da abertura das duas semanas de sessões e comentou a preparação para os eventos do G20, incluindo a primeira reunião do grupo na sede das Nações Unidas, a ser coordenada pela presidência brasileira. O evento acontecerá durante a Semana de Alto Nível da 79ª Assembleia Geral da ONU.

“E, portanto, ao trazer para esta fase, graças à posição que o Brasil tem neste contexto, que é evidentemente uma potência global e uma potência muito importante no chamado Sul Global, ao convocar Angola e Portugal para este exercício temporário , isso dá a toda a comunidade Cplp uma força enorme. Eu, aliás, irei ao Rio de Janeiro no dia 23 de julho e estarei lá nos dias 23 e 24. Depois, no dia 25, irei a Brasília como parte do nosso relacionamento multilateral.”

Em termos económicos, Rangel disse que as aspirações dos países de língua portuguesa foram tidas em conta pelos dois observadores convocados pelo Brasil.

“Esta capacidade de articulação entre estes países irmãos, no contexto global e no contexto multilateral, é um enorme trunfo que temos nas mãos. É de facto um privilégio ser Ministro dos Negócios Estrangeiros de um país de língua portuguesa quando se vê que esses países têm essa capacidade de articulação, de cooperação, de compreensão e de ação conjunta. Mas há um ponto muito importante, que é a questão da língua e a questão da cultura, em que devemos investir e devemos investir mais.”

Para o ministro, a conferência ministerial que esta semana reuniu chefes da diplomacia do bloco lusófono em São Tomé e Príncipe foi uma oportunidade para ajustar posições comuns entre os membros da CPLP sobre temas essenciais para debater com o G20.